A política do século XXI e as tribunas silenciosas

17/04/2016 10:21 - Diálogos e Debate
Por redação

                Já se vão longe os tempos áureos em que o parlamento brasileiro servia de púlpito para os grandes oradores. Em meados do século XX, com a popularização do rádio e, posteriormente, da televisão, o discurso temperado com carisma pessoal passou a ser um atributo indispensável para aqueles que alimentavam grandes ambições políticas.

                Dizem que Lincoln era um grande orador, mas isso, certamente não foi o seu principal instrumento de persuasão, uma vez que poucos tiveram acesso ao seu discurso, senão sob a forma escrita, num contexto em que os meios de comunicação eram tão precários.

                Ironicamente, quando vivemos a era da comunicação rápida e as TV’s exibem diariamente e em tempo real as sessões parlamentares, o parlamento brasileiro mergulha numa profunda pauperização retórica.

 A própria chefe do poder executivo é o exemplo perfeito e acabado da assimetria entre pensamento e discurso. As tribunas da câmara e do senado, quando são ocupadas nos presenteiam com discursos hesitantes que escapam da boca de parlamentares inseguros, que estão ali, como produto de marketing ou como mimetização de relações políticas promíscuas que, ao fim e ao cabo, determinam aqueles que serão eleitos.

          A política, como fonte de persuasão perdeu espaço para as formas de cooptação mais pragmáticas neutralizando o ator político num sentido clássico, pensado pelos gregos. Lá de onde estiver agora, homens como Robespierre devem sentir vergonha da miséria retórica dos nossos parlamentares.

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