O menino tem 10 anos é filho de uma negra brasileira com um branco europeu.
E mesmo vestido do conforto de uma pele clara e cabelos encaracolados ,o menino se autodeclara negro.
O pai- em tempos outros- dizia-o branco, mas o menino- didaticamente- escurecia as ideias : - Não pai, eu sou negro.Branco é o senhor.
Além da convicção da identidade étnica, o menino é um pequeno gênio. E sofre bullying na escola. Não porque é gênio, e sim pela negritude declarada.
Na escola tentam reeducá-lo como mulato, mas ele rejeita o rótulo. Eu sou negro! assevera.
A altivez do menino em assumir seu pertencimento étnico, agride a hipocrisia alheia e cobra um preço.
Ao deparar-se com o racismo na escola da Europa o menino emudeceu, retrocedeu em sua genialidade.
O racismo causa efeitos.
Com dupla cidadania brasileiro e a outra, o menino não mora no Brasil, e nem vivencia a farsa da democracia racial que impinge aos pret@s brasileiros uma série de alternativas de fugas étnica, tais como moreno, moreno-claro, moreno-escuro, pardo, mulato e etc e tal.
Mesmo tendo a pele muito clara e sendo filho de pai branco com mãe negra, na Europa o menino é simplesmente preto.
É assim que ele se vê.
Pertencimento além da cor da pele.