Em busca de atendimentos, pacientes de diversos bairros de Maceió e da Região Metropolitana – Rio Largo e Marechal Deodoro – foram atendidos na primeira semana de funcionamento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) instalada no bairro do Trapiche. Apesar dessa corrida pela assistência médica, as unidades de saúde instaladas na mesma localidade ainda não sentiram os efeitos da instalação da novidade na saúde pública da capital alagoana.
O Hospital Geral do Estado (HGE), informou através de sua assessoria, que ainda é muito cedo para sentir os impactos com a diminuição nos atendimentos de urgência e emergência somente nessa primeira semana. O prazo estipulado pelo hospital para obter essa dimensão é de um mês. O número de atendimento diários no HGE continuaram os mesmos nos últimos oito dias.
Prova disso é que, na última quinta-feira (03), o hospital registrou a ausência de insumos – soro e gaze – para atender os pacientes. Em nota enviada à imprensa, a Superintendência Administrativa da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) afirmou que a unidade vem trabalhando com poucos recursos devido a não aprovação da Lei Orçamentária Anual de 2016. No entanto vem trabalhando de forma emergencial para garantir abastecimento de insumos, alimentos, correlatos e medicamentos.
Para os pacientes uma nova unidade representa uma maior possibilidade de conseguir atendimento médico de forma rápida. “Eu moro no Village Campestre, mas sempre que preciso de atendimento venho para o HGE. Como soube que abriram essa [UPA] daqui eu vim para ser atendida antes porque estou com muitas dores na barriga”, disse a doméstica Dolores Silva.
Ao chegar à unidade os pacientes passam por uma classificação de risco, que determina o tempo de espera. No dia da visita da equipe do CadaMinuto Press à UPA, a sala de espera estava com a maioria dos pacientes com a pulseira de cor verde, o que estabelece um período de 120 minutos para o atendimento médico.
“Lá na frente foi muito rápido para chamar e fazer o cadastro, a enfermeira olhar e colocar a pulseira. Mas estou aqui há muito tempo e até agora não fui atendida. Disseram que aqui seria rápido, mas não estou vendo nada disso”, contestou Maria Josefa.
As duas UPAs instaladas em Maceió – no bairro do Trapiche da Barra e Benedito Bentes - são de porte III e com uma área de 1.118 m², possibilitando a realização de atendimentos de urgência e emergência, solucionando mais de 90% das ocorrências, com um atendimento de 24 horas todos os dias, realizando acolhimento e classificação de risco.
Procura de pacientes se manteve na média estipulada pela direção
Das oito UPAs em funcionamento em todo o estado, apenas duas são administradas pelos municípios e as demais são geridas por Organizações Sociais, as conhecia OSs. A entidade terá que informar mensalmente – em formato de relatórios – o número de atendimentos realizados, quanto foi gasto na unidade, quanto entrou nas contas, quais profissionais faltaram e outros detalhes sobre o funcionamento.
O primeiro levantamento realizado pela direção da unidade do Trapiche, inaugurada em 22 de fevereiro, tem sido de 250 atendimentos ao dia. A diretora da UPA, Sandra Gino afirma que o quantitativo é muito positivo diante dos poucos dias de abertura.
“O número de atendimento está dentro das nossas perspectivas e a população vem em busca de um atendimento rápido. Mas é preciso que todos sabiam que nós ofertamos um serviço apenas de urgência e emergência”, afirmou Sandra.
Segundo ela, até o dia 29 de Fevereiro foram atendidas na unidade 1.864 pacientes, com uma taxa resolutividade de 99,8% e uma taxa de transferência de 0,43%. Os casos de transferências ocorrem para unidades especializadas no quadro clínico do paciente, como explica a gerente de enfermagem, Mirelle Torres.
“Nós ofertamos aqui atendimento de urgência de clínica médica, ortopedia, pediatria e odontológica. As pessoas que estão vindo em busca de atendimento, mas que não são de urgência estão sendo atendidas pelo nosso serviço social, que orienta esses paciente”, esclareceu Mirelle.
Para uma UPA de porte tipo III são necessários 14 técnicos de enfermagem, seis médicos, três enfermeiros e outros profissionais em cada plantão de funcionamento. A unidade tem a capacidade de realizar 350 atendimentos por dia.
Dos 102 municípios, apenas oito contam com a instalação das unidades. Todas as UPAs – custeadas mensalmente pelo Governo Federal (50%), Governo Estadual (25%) e município (25%) – mostraram uma diferença na assistência à saúde da população carente.
Preparadas para o acolhimento dos pacientes, essas unidades dispõem de leitos de observação, laboratório para diagnóstico e equipamento de Raios-X e eletrocardiograma. Um atendimento diferenciado que somente era encontrado pelos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) nos hospitais de referência, como o HGE.