Mirian Souza uma jovem militante negra, em Alagos, escreve sobre o Movimento Crespos/Cacheados.
Os movimentos crespos/cacheados, aparentemente, parecem apenas estética, modismo, ou até apropriamento branco. Contudo aparência é diferente de essência, pegamos o exemplo de Bianca Santana, que em sua fala no seminário na 7ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, diz que começou a se descobrir negra por causa do cabelo.
A história de *Bianca Santana se repete com várias negras, tiro por mim que me identifiquei muito com a história dela. Nos dias atuais é difícil uma pessoa se identificar como negra. É "moreninho", "pardo", "café com leite", e negro que é bom nada.
Dai o movimento crespo encrespa ele quebra com isso, eu vi meninas dizendo lá no evento "EU SOU NEGRA SIM" e contando história de racismo sofrido, e teve um episódio que me chamou muito atenção: Tinha mulheres varrendo a praça, mulheres que a Prefeitura mandou para fazer isso, e as meninas do evento chegaram para essas mulheres que eram negras e disseram "Vamos ajuda vocês com esse trabalho para que aproveitem nosso evento, que é de vocês também. O evento só vai começa quando puderem participar, dai todo mundo começou ajudar essas mulheres, até eu, e no fim a gente tirou o chapéu da cabeça das moças e as arrumamos, elas ficaram tão felizes, e isso me alegra muito, pois, sempre penso "para quem é meu feminismo?" Para quem é a militância?
Fomos ate indicadas ao Prêmio Gentileza Urbana pelo todo do evento.
*Bianca Santana- mãe do Lucas, do Pedro e da Cecília, professora, feminista e,jornalista de guerrilha e autora do livro Quando Me Descobri Negra, lançado em Alagoas, dia 21 de novembro,na 7ª Bienal Internacional do Livro.