Atualizada às 16h21
No início da tarde desta quarta-feira, 25, o juiz Helestron Costa está conduzindo o julgamento do advogado Anthony Silva Sampaio de Melo, acusado de tentar matar o empresário Antônio José Acioly Maciel, no dia 8 de maio de 2011. A tentativa de homicídio aconteceu na garagem do edifício onde o réu e a vítima moravam, no bairro da Pajuçara.
Em seu depoimento, a vítima, ao falar sobre a atitude do acusado destacou que “ele (Anthony Silva) de fato tentou me matar. Só parou de atirar porque não tinha mais balas. Hoje, quando eu me deito, não consigo dormir direito porque vejo uma pistola apontada para mim. Fiquei com medo de ser morto porque eu sei que a intenção dele era me matar", ressaltou Antônio Maciel.
O empresário, de 70 anos, foi atingido por oito tiros e passou por 15 intervenções cirúrgicas. A vítima disse ainda que "não foi só a dor física, mas também a pressão psicológica. Lembro que fiquei deitado com a perna estilhaçada e recebendo outros tiros. Se tivesse mais bala, provavelmente, ele teria continuado. Achei que ia morrer. Não era meu dia", disse a vítima do atentado.
Com o atentado, Antônio Maciel contou que perdeu 38 quilos durante o tratamento - na época, o empresário tinha 89 kg, depois do atentado ficou com 51kg e teve várias sequelas.
Dentre as lesões permanentes ocasionadas pelo atentado, a vítima afirma que hoje tem várias lesões. "Tenho uma lesão na perna direita, que dificulta meu andar e ficar de pé por mais tempo, tenho 30% da função renal, perdi 3,5 metros de intestino, o que dificulta a absorção de alimentos, aumenta o apetite e devido à dificuldade de esticagem, passei a ir ao banheiro com mais frequência. Eu não sou 40% do homem que eu era. Antes, eu fazia academia, tinha uma vida normal. Hoje eu vivo com uma série de limitações", detalhou o empresário.
O advogado Anthony Silva Sampaio de Melo detalhou o dia do atentado. "Era dia das mães e eu estava indo encontrar minha família para almoçar. Peguei o elevador e já no térreo, o senhor, que agora é a minha vítima, abriu a porta para entrar. Como a gente já tinha se desentendido anos antes e não nos falávamos, ele ficou me encarando. Quando caminhei alguns metros, vi que ele continuava me encarando. Achei que ele estava se aproximando e, infelizmente, efetuei os disparos", explicou.
Ao ser questionado sobre o uso da arma, o réu disse que a utilizava para ir ao escritório, por estar situado em um local "ermo". "Depois de almoçar com a minha família eu iria para o meu escritório, que fica no Centro. Por se tratar de um lugar ermo e eu iria trabalhar até mais tarde, eu decidi levar a arma", disse.
A arma, que era registrada em seu nome, foi jogada pelo réu na Ponte Divaldo Suruagy. O advogado confessou não ter porte de arma.
Em outra ocasião o réu disse que “ele quem deveria receber indenização. "Na minha opinião naquele momento, e ainda a mantenho, o responsável por todos os dissabores na vida dele e na minha foi ele (a vítima). Se ele não tivesse a conduta absolutamente antissocial contra a minha pessoa, nada disso teria acontecido”, afirmou Anthony Melo.
Melo chegou a ser preso, provisoriamente, por 30 dias.
O caso
A briga entre vizinhos teria se originado por causa de vagas na garagem do prédio onde moravam. Após um desentendimento entre Anthony Sampaio deflagrou mais de dez tiros contra o empresário Antônio Maciel. Anthony Sampaio confessou o crime, mas disse ter agido em legítima defesa.
O réu foi pronunciado em setembro de 2012 e será julgado por tentativa de homicídio qualificado.