Após ser adiado  por uma semana e com atraso de mais de uma hora, começou na tarde desta segunda-feira, dia 26, o julgamento de Leonardo Lourenço da Silva, réu confesso do assassinato da nutricionista Renata Sá, ocorrido em junho de 2014. A sessão está sendo presidida pelo juiz John Silas da Silva, titular da 8ª Vara Criminal. A acusação está sendo feita pelo promotor de Justiça Marcos Mousinho e a defesa do acusado, pelo advogado Lucas Bonfim.

A primeira testemunha a ser ouvida foi o primo da Renata, Victor de Almeida de Holanda. Em seu depoimento, Holanda falou sobre como recebeu a notícia do crime e  descreveu a personalidade da vítima. "Eu estava em casa quando fui informado sobre o crime. Quando cheguei no local, o corpo da minha prima já estava sendo recolhido. Muito triste. Renata sempre foi muito estudiosa, amável e pretendia se casar esse ano", relatou o primo da vítima.

A testemunha de acusação também falou da situação emocional dos pais da Renata, após o crime, e fez um apelo por justiça. "Hoje, a mãe da Renata sobrevive junto ao pai dela. Eu peço que dessa vez prendam esse cara e que não soltem mais ele, nunca, nunca mais", apelou.

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A segunda testemunha ouvida foi José da Silva, que encontrou o carro da nutricionista próximo à oficina em que trabalha. Segundo Silva, o carro foi encontrado ainda com a chave na ignição e os faróis ligados. “Às 12h, saí para almoçar e o carro não estava. Só quanto voltei, já perto das 14h, percebi o veículo. Foi então que vi dois agentes da SMTT. A polícia foi acionada e então percebi do que se tratava”, relata.

Visivelmente emocionado, o noivo da vítima, José Bráulio, terceiro a ser ouvido, disse que espera que o réu pegue a pena máxima pelo crime cometido. “O mínimo que nós queremos é a pena máxima para que lá na frente não tenham outras ‘Renatas’ e outras famílias chorando por suas mortes e passando pelo sofrimento que estamos vivendo agora”, disse.

Após o irmão da nutricionista, Carlos Alfredo Júnior, falar em júri, o pai da vítima, Carlos Alfredo Sá, foi ouvido. Durante o depoimento, Carlos Alfredo leu trechos do diário pessoal de Renata. Abalado, ele disse que se o réu ficar em liberdade, outras pessoas podem ser vítimas do acusado.

"Eu não perdi uma filha, perdi o meu tesouro. Renata tinha tudo pela frente. E o que aconteceu? Um crápula desse tirou a vida dela. Se ele voltar à liberdade vai cometer outros crimes. Ele tem que ficar preso a vida toda".

A última testemunha ouvida foi a mãe da vítima, Vaneide Vieria de Almeida. Durante o relato, ela lembrou que dias antes da filha ser morta, havia alertado Renata de um estuprador que estava agindo na região do Farol. Mal sabia ela que o referido era o mesmo homem que iria assassinar Renata.

"Me dói mais, pois eu tinha alertado a Renata sobre esse monstro. Quando eu soube do crime contra a minha filha e que se tratava da mesma pessoa eu não aguentei. Se tivessem ido a fundo, nada disso teria acontecido", acredita. 

Insanidade Mental

A defesa de Leonardo Lourenço da Silva está sendo feita pelo advogado Lucas Bonfim, que vai sustentar a tese de insanidade mental do acusado. Segundo o Ministério Público Estadual (MPE/AL), o réu não cometeu o estupro para não ser reconhecido pelas imagens das câmeras de um motel, local onde iria estuprar Renata.

De acordo com o juiz John Silas, que preside o julgamento, a expectativa é que o júri decida hoje a condenação ou não do acusado.

“Se não houver mais nenhum contratempo, esperamos encerrar o julgamento no mesmo dia. Esse caso chamou muito a atenção da sociedade e é essa mesma sociedade que agora vai dizer se o réu é culpado ou inocente”, afirmou o magistrado John Silas.

O promotor Marcus Mousinho, que faz a acusação, defenderá a tese de homicídio qualificado por motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima.

O caso

Renata Almeida Sá, de 26 anos, foi abordada por Leonardo no bairro do Farol e de lá conduzida por ele até a porta de um motel no bairro da Santa Amélia. Em seguida, ela foi levada para um matagal onde foi executada a tiros. O corpo foi encontrado no dia 14 de junho do ano passado.

Segundo as investigações, ela foi assassinada por ter se recusado a entrar no motel. Leonardo foi preso poucos dias após o assassinato e ainda tentou simular uma cena de latrocínio, levando os pertences da vítima.

Veja vídeo do réu falando sobre morte de vítima: trecho do julgamento

*Colaboradora