Elas são Mariana e Mikaely, duas irmãs adolescentes, estudantes de escola pública, em Maceió,AL.

Conhecia-as na manhã da quinta-feira, 11/06 e  começamos um silencioso e eloquente   diálogo nascido da identificação. As vi de longe me observando, e não contei conversa fui lá, e disse-lhe o quão bonito eram seus cabelos, e elas me responderam que  a admiração era recíproca.

Mariana- mais falante-disse:- Estávamos achando lindo, seu cabelo, seu jeito de ser, a senhora é toda afro, né? Tão bonita!

A aspereza que muitas vezes me acompanha deu lugar ao sorriso  que rasgou a alma com profundidade. São em momentos como esse que toda nossa luta vale  a pena.

Estávamos em um palco de aplausos mútuos: memórias seletivas de mulheres negras de diferentes gerações, se auto identificando na força do abraço que se fez natural, na  alegria do encontro cheio de risos , na  beleza do ser. Além dos rótulos limitantes.

E com a alma serelepe- disse  pra Milena:- Sabe como é o nome disso? Identificação. Eu sou  uma mulher negra.

E Mariana, respondeu convicta:- Eu também! É  isso que sou!

Mikaela mais quieta, apenas concordava com gestos mudos.

E nesse momento- tão ínfimo- senti o conhecimento-pertencimento- atravessando os palcos da história. E, o processo do ser mulher negra ,que em muitos momentos impõe-se doloroso, intenso, no final das contas se revela  transformador, multiplicador, profícuo.

O encontro com as meninas, Mariana e Mikaely, me permitiu evocar os tempos pessoais- quando o racismo trancava-hermeticamente- as portas de todos os lados, gestando os autos-conflitos que nos levava a  intrínsecos esconderijos sociais, e principalmente, justifica  a importância da força do feminismo negro  e o poder  ancestral dessa luta, influenciando  diferentes gerações, como as irmãs  Mariana e Mikaela.

E  essa  nova geração de mulheres negras, conscientes da essência de suas negritudes,  são respostas  vivas da excelência da luta  aguerrida do movimento negro unificado.

Salve, salve Aqualtune, Lélia Gonzalez!

Que prazer, prazeroso foi conhecê-las, jovens e belas mulheres negras!

Ubuntu!