Os deputados que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito, (CPI), que apura a Violência Contra Jovens Negros e Pobres, da Câmara Federal, estarão em Maceió no próximo dia 18 de maio, onde vão promover uma sessão pública sobre os altos índices de homicídios no Estado.

Segundo informações do Mapa da Violência, os homicídios são hoje a principal causa da mortalidade de jovens entre 15 e 24 anos no Brasil e atingem, em especial, negros do sexo masculino, moradores das periferias e áreas metropolitanas.

O estudo também aponta para um novo padrão da mortalidade juvenil: epidemias e doenças infecciosas foram substituídas, ao longo das últimas seis décadas, por acidentes de trânsito e homicídios.

OAB

O presidente da Comissão dos Direitos Humanos da OAB/Alagoas, Daniel Nunes, disse que a entidade está acompanhando a atuação da CPI e que a vinda a Alagoas atende a um requerimento do deputado federal Paulo Fernando dos Santos (Paulão-PT/AL).

“A OAB vai participar das reuniões e vai levar os vários casos de desaparecimento de jovens em Alagoas, que são muitos”, observou.

Segundo Daniel Nunes, os parlamentares vão ouvir os familiares dos desaparecidos, entre eles a doméstica Maria José da Silva, 57, mãe do jovem Davi da Silva, 17 anos, sequestrado por policiais militares do Batalhão de Radiopatrulha, (RP), em 25 de agosto do ano passado, em uma das ruas do Conjunto Cidade Sorriso, no Complexo Benedito Bentes, parte alta de Maceió.

Outra ação da CPI vai ser cobrar do poder público  a construção da Praça da Juventude, obra em que o Governo Federal liberou o valor de R$ 1,8 milhão, mas até hoje não saiu do papel.

Desaparecimento de Davi da Silva

Segundo informações que circularam na imprensa, à época do desaparecimento do adolescente Davi da Silva, a família passou a procurar o jovem e a cobrar posição da Polícia Militar.

Em novembro de 2014, o delegado-geral da Polícia Civil, Carlos Reis, designou, por meio da portaria de número 5264/14-DGPC/GD, os delegados Luci Mônica Moura Ribeiro Rabelo, Cícero Lima da Silva - coordenador da Delegacia de Homicídios -, Lucimério Barros Campos e José Carlos André dos Santos, para em caráter especial, dar continuidade as investigações que apuram o desaparecimento do adolescente Davi da Silva.

O inquérito vinha sendo conduzido pela  Delegacia do 8º Distrito da Capital. A delegada Luci Mônica havia sido designada inicialmente em caráter especial, no entanto, o delegado-geral resolveu colocar três integrantes da delegacia de homicídios, criando assim uma força-tarefa, visando aprofundar ainda mais as investigações.

 

 

Vítimas são jovens negros em sua maioria

 

Segundo dados do autor da proposta da CPI, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), de 60 mil homicídios anuais no Brasil, 80% têm como vítimas jovens negros.

“Precisamos dar visibilidade a esse problema no País. O que está acontecendo no Brasil é um genocídio em relação aos jovens negros”, afirmou.

Segundo a assessoria, a comissão está investigando as estratégias usadas pelo tráfico, por grupos paramilitares e pelas milícias.

O  deputado Reginaldo Lopes disse ainda, à época da criação da comissão, que é preciso desmontar o crime organizado para evitar mais chacinas.

“Eu espero que essa CPI dê conta de investigar o passado, escrever e exigir punições e, ao mesmo tempo, apontar para um novo Brasil do século 21”, pontuou.

Fonte: Olívia de Cássia com assessoria /Tribuna Independente -29 Abril de 2015 - 17:46