E Ras Adauto, lá da Alemanha, citando um artigo de Nelson Motta, compartilha suas  memórias negras...

 

Ontem li um artigo, do Nelson Motta, falando sobre lembrancas de Dom Pepe, o maior e mais famoso Dj do Rio de Janeiro.

Dom Pepe, um negão simples, alegre e um dos maiores divulgadores da música brasileira. Em suas pistas inflamadas a música brasileira era a rainha absoluta.

E quantas e quantas noites de sábado estive nas pistas esquentadas de Dom Pepe. Enquanto incendiava as pistas com petardos musicais, Dom Pepe gritava, às gargalhadas, no microfone: “Agora vocês vão pular feito pipoca”.

Pois bem: no artigo, Nelson Motta lembra também as novidades criadas por ele juntamente com Dom Pepe, como o Dancing’ Days, no Noites Cariocas e no African Bar e o Mama África, no Morro da Urca. Nos locais, num chalé de dois andares no Leblon, no bar térreo ficava o trio de Johnny Alf e no andar de cima a pista fervente, com Dom Pepe lançando o samba-reggae do Olodum e da Banda Reflexus e quatro percussionistas tocando ao vivo com o DJ.

Só que tem um detalhe que esse artigo não fala: A ideia dos percussionistas tocando com os Djs foi criação do percussionista Repollho, que tocava na Banda maravilhosa de Gilberto Gil, a banda que eu chamava de "Eterna Umbanda Um".

Repolho na época, resultado de suas turnes internacionais e na África com Gil, comecou a propagar no Rio de Janeiro o "African Beat" de Mano Dibango, Salifa Keita, Ray Lema, Youssun´dour, Baaba Maal, Toumani Diabete, Khaled e tantos outros. O lance dos percussionistas com Dj Repolho tinha visto isso na África. E Nelson Motta e Dom Pepe convidaram-no para participar no projeto. Repolho escolhia os percussionistas e ele também se apresentava como mestre de cerimonia, nos momentos dos sets percussivos. Inclusive nesses momentos, Dom Pepe mixava afrobeats e não música brasileira. Virava uma Sessão de Macumba Afrobeat!

Como sei disso? Pois na época eu fazia parte da curriola que circulava atuando no Rio de Janeiro, djs, vjs, músicos, agitadores culturais, etc e fazia parte das pessoas que trabalhavam juntas com o Repollho, que era uma turma da pesada. Por isso estávamos presentes em todas as fofocas e agitos no Rio.

Por isso que é bom as memórias e contar as histórias também de outros pontos de vistas. Senão fica um apagão, uma zona escura, nas histórias e nas lendas que se criam.

Negra Panther.

Fonte: https://www.facebook.com/ras.adauto