Em política quase tudo é retórica. Conhecemos muitos políticos, aqui e alhures, que vociferam contra apoios conquistados por adversários. Mas quando é pra si, é diferente, é bem-vindo. Isso faz parte do processo. Tolo é o eleitor que cai nesse conto.

O caso do acidente do avião que causou a morte de Eduardo Campos, assessores e tripulantes, é emblemático. O vice de Marina Silva – que substitui o ex-presidenciável – o deputado federal gaúcho Beto Albuquerque (PSB), é exemplar.

Ele tenta blindar Marina ao dizer que “a compra do avião não é um problema nosso. Deve-se buscar os proprietários”. Ora bolas, como não é um problema do partido? Marina usou o avião, o PSB usou o avião e quem comprou e doou a aeronave recebeu incentivos fiscais em 2011 do então governador pernambucano, Eduardo Campos.

Sobre isso, vejam o que respondeu Beto Albuquerque: "Nenhum governo está proibido de dar incentivo fiscal para qualquer setor. Nós estamos em 2014, o benefício foi em 2011. Fazer um link entre os casos pode ser ilação."

Tem razão, ele? Talvez. Mas duvido de todo político ou cidadão que está sempre a atirar a primeira pedra. “Eu presto, os outros não prestam. O que faço é o certo, o que os demais fazem não é”.

Isso é conversa mole. Assim como na vida, o político também cria personagens e sobrevive através deles. Diz o que é preciso ser dito para conquistar corações e mentes.

O bem e o mal caminham juntos, de mãos dadas. Afinal de contas, somos todos humanos, cheios de contradições, de erros e acertos. Por isso duvido sempre da verdade absoluta.

Tenho ojeriza aos que arrotam de dedão em riste, virtudes supremas. Taí o PSB, o PT, o PSDB, PSOL e tantos outros que se escondem em virtudes superiores.

São personagens. São produtos de marketing político e pessoal.