Segunda-feira,09 de junho, rasgando a semana, em Maceió, AL. 6h30 da manhã com sol a pino. No retorno da caminhada no finalzinho da praia de Cruz das Almas, vejo o adolescente com as sandálias espalmadas nas mãos.
Vem vindo da praia em direção ao passeio com calçamento. Ao me ver olha para os dois lados da rua, escala a areia e sobe. Algo em seu olhar inquietou-me. Segue-me.
Daí cerco-me de cuidados. Um tanto exposta pela ausência de outr@s transeuntes, ando alguns metros, paro na primeira barraca e digo ao vigia:- Vou ficar um pouco por aqui. E ele:- Fique a vontade.
Nesse interim o adolescente passa por mim. Olho-o afastar-se e sigo, mas o instinto de sobrevivência me impele a ficar por ali, em um mirante que há no passeio, tirando fotos.
Entre uma foto e outra- de quando em vez olho-sorrateira- e calculo a distância entre eu e o cabra. Ele anda muito displicentemente , sem pressa e se afasta bem pouco. Escondida pelos coqueiros no mirante, observo, e percebo no momento que o cabra percebe que já não mais estou em seu campo de visão e faz o caminho de volta. Eu sou a caça.
Saio do mirante e peço ajuda a um vigia de uma segunda barraca e aponto-lhe o sujeito.
E o vigia alerta: Ah! Aquele é um rato de praia, vive assaltando o povo por aqui. Ontem mesmo já botei uns três pra correr.
E muito gentil: -Vamos lá eu acompanho a senhora.
Mas, sabendo que o vigia não poderia largar o posto, disse-lhe que esperaria um casal que vinha logo adiante ,e seguiria na companhia deles. Foi o que fiz.
O rapaz que tinha entrado em uma rua transversal e ameaçava retornar, ao me ver na companhia do vigia e depois do casal foi-se embora, sem olhar para trás.
E a conversa com o casal girou em torno da violência cidadina ( o nervoso era tamanho que esqueci de perguntar os nomes). A senhora afirmou: - Moro em Maceió há 30 anos e nunca vivi uma época tão complicada de violência. É uma pena- uma cidade tão bonita- complementou.
Viemos conversando sobre violência e de quando em vez olhava para trás para ver se o cabra seguia.
E o senhor :- Não se preocupe, ele não virá mais. É por que a senhora está sozinha e aí se torna presa mais fácil. Se estiver sozinha não ande mais por aqui. É perigoso!
Eita, Maceió!