O escrito abaixo é de autoria da nossa companheira de muitas lutas, Maria das Graças Santos, uma das fundadoras da primeira entidade negra de Brasília, o Centro de Estudos Afro Brasileiro. Em 1981, quando se instalou uma seção do Movimento Negro Unificado (MNU) em Brasília, ela também foi uma das pioneiras. Em 1992, como empresária, instalou o primeiro salão afro de Brasília, tendo constituído a importante referência da cidade: o Afro Nzinga Cabelo & Arte. Conselheira de Direitos Humanos do Distrito Federal, desde 2009 atua no Conselho de Defesa do Direito do Negro do DF, além de participar do Fórum permanente de Educação e Diversidade Étnico Racial do DF (tem como uma das funções o monitoramento e a implementação da Lei 10639/2003).
"A presidenta Dilma afirmou em seu discurso, no dia 31 de março: “O dia de hoje exige que nos lembremos e contemos o que aconteceu", ao se referir ao golpe militar de 1964; "Devemos isso a todos os que morreram e desapareceram, aos torturados e perseguidos, às suas famílias, a todos os brasileiros".
Quando li esta fala, quis gritar: “Nós negras e negros, também, não podemos deixar de fazer isto: Lembrar e contar o que aconteceu com os negros africanos, forçados à escravidão, por quase 400 anos, com negros livres, depois jogados à marginalização.
Negros que conheceram a TORTURA por séculos sem fim. Portanto a tortura, para os negros, não aconteceu apenas no período da ditadura militar!”
Então, vamos continuar LEMBRANDO E CONTANDO o que aconteceu.
Devemos isso a todos os negros e negras que morreram e desapareceram,aos torturados e perseguidos, às famílias negras, e a todos os brasileiros. Já que as agressões raciais, o genocídio dos nossos jovens negros, acontece até hoje,
Por isto a implementação do Art. 26-A (alterada pela Lei 10639/2003) é uma das mais importantes lutas do Movimento Negro, neste últimos tempos!
Lembremos da frase do magnífico Prof. Dr. Milton Santos, um dos maiores intelectuais negros no Brasil: "A situação dos negros e negras do Brasil, vai piorar"