Elas eram duas meninas, pretas e pobres conjugação que no Brasil é sinônimo de invisibilidade, quase uma não existência..
Eram duas meninas com nome, endereço fixo e tinham uma família, mas, nunca se viram. As lonjuras as separavam. Uma morava nos confins do bairro do Benedito Bentes, em Maceió, AL e a outra em uma periferia de São Paulo. Ambas tinham sete anos, meninas no aprendizado de ser crianças ainda, e foram mortas no mesmo dia.
Tinham sete anos e foram estupradas, mortas e enterradas em covas rasas.
A professora da menina alagoana Tamires afirma: Uma criança nossa de apenas 7 anos
foi estuprada e assassinada brutalmente. Estamos todos arrasados na escola passei o dia hoje no cemitério com colegas(...)
É desesperador pensar no estupro de crianças. Uma cena saída dos filmes de terror. Dor, vexame, impotência e sofrimento.
Será que chamaram pela mãe?- Mamãe!
Meninas que foram vítimas da obsessiva opressão machista.
Quem era Tamires? Quais seus sonhos? Suas brincadeiras preferidas?
E a outra menina paulistana que foi roubada de sua casa enquanto dormia e o corpo tinha sinais de violência sexual, com as pernas e os braços quebrados e ferimentos no rosto e marcas de estrangulamento?
Meninas pobres e pretas violentadas e jogadas fora feito roupa velha sem uso.
Segundo o Conselho Tutelar da região do bairro do Benedito Bentes, em Maceió,AL os casos de abuso sexual em crianças, são crescentes e para cada crime denunciado, outros 15 ocorrem em segredo.
Quem pedirá justiça zelará por essas e tantas meninas, sem voz. Sem status social.
Quem gritará o grito de indignação? Nas redes sociais. Nas ruas. Nos parlamentos.
Quem se importa com essas meninas?