Socializamos o depoimento que a internauta  Ágatha Salcedo  postou no facebook.

Será apartheid?

Semana passada fui a um Shopping, aqui em Maceió,AL, já tinha ido algumas vezes lá na semana anterior, no entanto sempre de carro (de carona, claro, pois nem habilitação eu tenho), mas no dia em questão fui de ônibus e qual não foi minha surpresa ao atravessar a rua e perceber que na primeira porta de acesso (sim, aquela que quem vai de carro nem lembra que existe, a que fica antes mesmo do estacionamento) estavam dois seguranças, um de terno e outro sem, avaliando as pessoas que estavam dispostas a entrar no shopping. Três meninos iam ao meu lado e ouvi quando um deles falou "quer ver que eles vão querer barrar?" Fiquei de orelha em pé, como dizem. Dito e feito, na hora de entrarmos o segurança falou pro garoto moreno (e aqui eu não estou  chamando um negro de moreno, o garoto era moreno mesmo) que estava com boné, calça jeans e blusa "de surfista", da marca maresia): "Ei, cara, não vai poder entrar, não". Na mesma hora o menino tirou do bolso os cartões de crédito e uma conta, argumentando que não era vagabundo, que tinha dinheiro e que ia comprar e fazer um pagamento, o segurança insistiu que eles não entrariam (mas sempre com foco no garoto de boné e camisa da maresia). Eu parei do lado e o segurança falou: Pode passar, senhora. Pode passar. Eu disse: Não, não vou passar! Ele insistiu repetindo:- "Pode passar, senhora". Olhei pros dois seguranças e  reafirmei:-: Não, não vou passar, e quero saber porque  eles não podem entrar. Na verdade, quero que você me diga por que  posso passar e eles não. Por quê? O menino de boné disse "È". O segurança sem argumentos cedeu, dizendo: Tá vão lá, podem entrar.Os meninos seguiram o caminho (quase interrompido) deles, com um ar meio de vitoriosos. Segui o meu querendo gritar pro mundo que aquilo era bizarro. Liguei pra um amigo e disse: velho, precisamos fazer algo, a situação está bizarra.

Criolo diz que cientista social gosta mais de favelado que de Nutella, acho essa frase uma m* e foi ela a responsável por rejeitar suas músicas por um bom tempo.Vendo uma foto da votação sobre a privatização ou não do Hospital Universitário, Maceió,AL em que pelo menos dois professores de Ciencias Sociais foram a favor, penso: Não é uma questão de curso, nem de gostar de pobre ou favelado, é uma questão de perceber toda essa desigualdade e suas facetas  e se posicionar do outro lado.

Repito: precisamos fazer alguma coisa!