Você não conhece a Belém Morena? Venha conhecer!
Nutro por Belém do Pará um carinho de quem foi tão bem acolhida, agasalhada e acalentada, quando a vida era puro desafio. Desembarquei em Belém com vinte e poucos anos e a cidade Morena e seu povo me ajudaram a crescer além das possibilidades. Amo essa minha segunda terra. E aí transcrevo o texto de Jane Felipe Beltrão pra dizer: Égua, Belém, meu bem, quantas saudades!
Chegue de mansinho e saia caminhando sob os túneis de mangueiras. Deixe sua imaginação voar, não se preocupe com a chuva miúda, pois ela faz parte de nosso cotidiano tropical: quente e úmido. Se for chuva graúda, abrigue-se sob pena de ficar molhado pelas águas do norte, mas não se moleste, elas passam logo dizem os antigos. Hoje, não sei não, o tempo mudou!
Passando a chuva, deixe-se ficar em uma de nossas lindas praças: Batista Campos, de inspiração francesa; República, no burburinho do coração da urbe, de onde se pode vislumbrar o Theatro da Paz e o Teatro Waldemar Henrique. O primeiro é herança da época da borracha; o segundo, fruto do esforço de atores de teatro por um projeto experimental. Aprecie o movimento das gentes que passam apressadas, distraídas ou aquelas que, como você, busca o exótico para, aos poucos, torná-lo familiar, parte integrante de seus sonhos. Assista ao pôr do sol na Estação das Docas ou no Ver-o-Rio, antiga área de pouso dos aviões catalina – chamados carinhosamente de “pata choca” pelos mais velhos – que viveram no tempo da saudosa Panair. Veja como é bela a Baía de Guajará e seu manso balanço. Com sorte, no mesmo dia, em noite de lua, ela transforma-se em joia prateada, espelhando nossos sonhos mais ocultos. Continue em busca da orla fluvial, com poucas janelas para o rio, mas não deixe de passar no Ver-o-Peso do meu Pará; caminhe pela Feira do Açaí e alcance o Complexo Feliz Luzitânia; lá, ande pelo Forte do Castelo, veja os museus e salas de exposição. Há muito para ver em arte sacra, pintura paraense e arquitetura colonial. Experimente ver, no detalhe, a Catedral da Sé em homenagem a Santa Maria de Belém do Grão-Pará.
Prossiga em direção ao Largo do Carmo, local onde se faziam as mais doces Serestas; passe pelo Arsenal de Marinha; usufrua das soberbas palmeiras imperiais, belas e frágeis. Continue, desvie o trajeto e vá ao Mangal das Garças; lá, suba no mirante, agrade as retinas se deslumbrando com as cores no borboletário; deguste um bom peixe no restaurante e olhe as feiras com artesanato nos fins de semana. Vá a Praça Princesa Izabel e ao Portal da Amazônia – a recente janela para o rio – e se acalente com o lendário Rio Guamá, barrento e bravo a invadir com suas águas as moradias conquistadas ao espaço do canal da Estrada Nova. Entre no Palácio dos Bares e lembre-se: lá foi gravado Bye Bye Brasil (1979), dirigido por Carlos Diegues. Tome fôlego, pegue um barco e percorra o rio; entre nos furos; pare nas ilhas e almoce na Saldosa Maloca, assim mesmo com “l” pois a saudade não é pequena e o rio comanda a vida nesse cantinho do planeta.
Jane Felipe Beltrão[2]
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