O Brasil- classe média (?)- chora a morte dos manequins das Lojas Toulon, no Leblon.
Meninos pretos morrem todos os dias trucidados por uma história secular de omissão.
A morte dos meninos pelados de vida , pobres e pretos , coisificou-se como a retirada de lixo humano, pequenos marginais que desequilibram o bem estar das famílias, da sociedade.
Eles- os pobres e pretos- são os “outros” que perturbam o nosso cotidiano, portanto são objetos desprezíveis/ inúteis. Estamos em campos sociais distintos: Nós e eles. Estabelece-se o apartheid social.
Coisificar pessoas é a estratégia perversa que o corpo do estado brasileiro ( administrativo, político, repressivo) utiliza para naturalizar o extermínio crescente de jovens pretos e pobres.
Cooptada pela indução genocida do estado, a sociedade assume os códigos institucionais e passa ver o povo preto e pobre com um sentimento de desprezo e hostilidade. Descarte social.
Para essa parcela social, admoestada pelas artimanhas do estado, não impressiona os números crescente da violência homicida, que tem como a certeira-bala-perdida uma juventude que não ficará velha.
É a morte em vida, Severina!
Para essa parcela social, admoestada pelas artimanhas do estado, é mais cômodo se solidarizar com a morte de bonecos de gessos- brancos manequins da Loja Toulon, do bairro do Leblon, do que com as periferias manchadas com o sangue vermelho dos meninos pretos.
O Leblon é um bairro nobre da zona sul da cidade do Rio de Janeiro, localiza-se entre a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Oceano Atlântico, o Morro Dois Irmãos e o Canal do Jardim de Alá 3 . O bairro faz divisa com a Gávea, a Lagoa, Ipanema e o Vidigal 4 . Seus habitantes pertencem, majoritariamente, à classe alta, incluindo alguns dos nomes da elite cultural, econômica e política carioca, portanto, o Leblon é o território com os acessos demarcados pelos bens nascidos, afins em suas geografias, histórias e o conveniente nacionalismo das elites.
O Leblon é o berço esplendido das elites e os lamentos – em rede nacional- pelo desnudamento de manequins e o vazio das araras das roupas de grife internacional traduz um tipo de universo, no qual a vida de meninos pretos e pobres são mercadorias sem valor. .
Quantas flores brancas recebem os corpos mortos dos meninos pretos e pobres enterrados em valas comuns?
Quem chora por eles em cadeia nacional?
A carne mais barata do mercado é a carne negra, como os corpos dos pretos meninos brutalizados pelo racismo e a pobreza
Comentários
Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.
Carregando..