O Brasil- classe média (?)- chora a morte dos manequins das Lojas Toulon, no Leblon.

22/07/2013 21:01 - Raízes da África
Por Arísia Barros

 

Meninos pretos morrem todos os dias trucidados por uma história secular de omissão.

A morte dos meninos pelados de vida , pobres e pretos , coisificou-se como a retirada de lixo humano, pequenos marginais que desequilibram o bem estar das famílias, da sociedade.

Eles- os pobres e pretos- são os “outros” que perturbam o nosso cotidiano, portanto são objetos desprezíveis/ inúteis. Estamos em campos sociais distintos: Nós e eles. Estabelece-se o apartheid social.

Coisificar pessoas é a estratégia perversa que o  corpo do estado     brasileiro ( administrativo, político, repressivo)  utiliza para naturalizar o extermínio crescente de jovens pretos e pobres.

Cooptada pela  indução genocida do estado, a sociedade assume os códigos institucionais e  passa ver o povo preto e pobre com um sentimento de desprezo e hostilidade. Descarte social.

Para  essa parcela social, admoestada pelas artimanhas do estado,  não impressiona os números crescente da violência homicida, que tem como a certeira-bala-perdida  uma juventude que não ficará velha.

É a morte em vida, Severina!

Para  essa parcela social, admoestada pelas artimanhas do estado,  é mais cômodo se solidarizar com a morte de bonecos de gessos- brancos manequins  da Loja   Toulon, do  bairro do Leblon,  do que com as periferias manchadas com o sangue vermelho dos meninos pretos.

O Leblon é um bairro nobre da zona sul da cidade do Rio de Janeiro, localiza-se entre a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Oceano Atlântico, o Morro Dois Irmãos e o Canal do Jardim de Alá 3 . O bairro faz divisa com a Gávea, a Lagoa, Ipanema e o Vidigal 4 . Seus habitantes pertencem, majoritariamente, à classe alta, incluindo alguns dos nomes da elite cultural, econômica e política carioca, portanto, o Leblon é o território com os acessos demarcados  pelos bens nascidos, afins em suas geografias, histórias e  o conveniente nacionalismo das elites.

O Leblon é o berço esplendido  das elites e os lamentos – em rede nacional- pelo desnudamento de   manequins e  o vazio das araras das roupas de grife internacional traduz um  tipo de universo, no qual a vida de meninos pretos e pobres são  mercadorias sem valor. .

Quantas flores brancas recebem os corpos mortos dos meninos pretos e pobres enterrados em valas comuns?

Quem chora por eles em cadeia nacional?

A carne  mais barata do mercado é a carne negra, como os corpos  dos pretos meninos brutalizados  pelo racismo e a pobreza

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