Somos tod@s Santa Lúcia!

19/07/2013 10:26 - Raízes da África
Por Arísia

Um depoimento de Golbery Lessa sobre a situação das famílias que invadiram o terreno na Santa Lúcia, no bairro do Tabuleiro do Martins, em Maceió, AL,  e após a  operação de reintegração de posse ocuparam  o prédio-sede da Eletrobrás e lá permanecem.

Amig@s, eu, o Yuri Brandão, Felipe Oliveira, Tadeu e outra militante da Frente Pelo Passe Livre foram conversar com as famílias despejadas do terreno da Santa Lúcia hoje pela manhã. Ouvi por duas horas os depoimentos delas, que estão no pátio da sede da Eletrobrás, na Av. Fernandes Lima. Havia cerca de 500 pessoas. São indivíduos muito pobres, com renda de até um salário mínimo e escravizados a aluguéis de 200 a 300 reais. A disposição de passarem o perigo que estão passando demonstra que os motivos da ocupação são radicais. Os aluguéis têm crescido muito além de suas rendas, o que provoca um rebaixamento de sua qualidade de vida. Eles cadastraram oito mil pessoas. Fizeram seus barracos na parte menos visível do terreno e vários começaram a plantar alguns tipos de lavoura. Esse ato de plantar é emblemático da mistura entre urbano e rural, da magnitude do êxodo do campo para a cidade. É uma população com grande dificuldade de acesso a todas as políticas públicas. Percebem na casa própria uma maneira de superar o achatamento de sua renda. Como todos têm que trabalhar, a quantidade de pessoas no terreno ocupado tendia a diminuir durante a semana e aumentar muito no sábado e no domingo. A polícia foi lá, em um dia de semana, com 250 policiais e um helicóptero. Chegou às 4 horas da manhã e começou a violência às 6 horas. Muitas famílias não tiveram tempo de retirar seus pertences e estes foram destruídos por máquinas escavadeiras. Muitos animais de estimação, como gatos, cachorros e galinhas, foram mortos. Como se sabe, a polícia não tem cobertura legal para destruir os pertences dos ocupantes mesmo quando está executando um mandato de reintegração de posso. Houve uso de tiros de balas de borracha e pelo menos duas pessoas foram espancadas. O nível de consciência política daquelas famílias tornou-se muito alto, estão com plena percepção do que está ocorrendo. Sabem que têm direito à moradia e rejeitam radicalmente as manobras protelatórias do prefeito. Nesse momento, é importante todo tipo de apoio àquelas famílias, por uma questão humanitária, mas principalmente porque elas simbolizam a demanda de milhares de outros habitantes de Maceió por moradia e outros direitos urbanos.

Fonte: Golbery Lessa- Integrante do Frente Passe Livre Maceió

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