Durante esses anos de Advocacia o que tem me chamado mais atenção são os casos de adolescentes bem nascidos e criados que por um motivo que a lógica desconhece insistem em percorrer o caminho das drogas.

Paralelo a esse caminho surgem os pequenos delitos que aos poucos levam essas vítimas das drogas a se confundirem com seus algozes, e tornam-se eles um misto de viciados-traficantes a beira de um abismo sem fim e sem volta onde suas famílias passam a sofrer a dor e a angustia deixadas pelas drogas que de início parecia causar uma sensação de liberdade e torpor num mundo insano e desvairado.

Fui acordado semana passada pelo choro compulsivo da mãe de um jovem que já acompanhava juridicamente desde 16 anos e a pouco completara 18. Nele apostei algumas fichas, pois acreditava em sua recuperação.

Com sua mãe desenvolvi uma amizade sincera, talvez até por acreditar ela ser eu - Advogado e amigo - uma das últimas tábuas de salvação. Internações e conversas olho no olho, de amigo pra amigo, por vezes me sentia um inimigo, por exigir daquele jovem uma posição! Pois bem, perdemo-lo. Perdemos para aqueles que alimentavam seu vício, que lhe induziram ao precipício início chamado de fim.

Talvez já estivesse perdido, e por acreditar no impossível teimávamos em lhe ajudar. Tem gente levantando a bandeira da legalização, invocando uma ilusão, um livre arbítrio exagerado, enganado e mascarado por aqueles que estão a nos roubar.

Roubam nossas crianças, nossos jovens, a liberdade, principalmente a verdade que insistimos em não enxergar!

É preciso marchar, não pela legalização, mas de encontro a essa perversão que teima em nos assolar.

Marchar contra essas propostas esdrúxulas, de parlamentares mundanos, que vêem em tudo um plano para se perpetuar.

É preciso mostrar a cara, dar as mãos, gritar não! A tudo que venha nos desafiar.

Somos tão jovens, tantos jovens a salvar....Nada mais faz sentido, mas ainda há tempo pra tentar.

Texto:

José Álvaro Costa Filho

Professor universitário e Advogado