A maioria dos adictos perceberá imediatamente que é impossível controlar. Seja qual for o resultado, descobrimos que não podemos usar controladamente por qualquer período de tempo.

Isto claramente sugeriria que um adicto não tem controle sobre as drogas. Impotência significa nos drogarmos contra a nossa vontade. Se não conseguimos parar, como podemos nos iludir dizendo que controlamos? Quando dizemos que “não temos escolha,” mostramos a incapacidade de parar de usar, mesmo com a maior força de vontade e o desejo mais sincero. No entanto, nós temos uma escolha quando paramos de tentar justificar nosso uso.” (Guia Introdutório para Narcóticos Anônimos, 1996)

Inicio o meu texto citando algumas palavras do primeiro passo de Narcóticos Anônimos, onde desde os anos 50 quando foram adaptados os passos de NA, a partir dos 12 passos de Alcóolicos Anônimos escritos na década de 30, por pessoas comuns que se unem para poderem parar de usar drogas relataram nestes belos livros os de NA e AA, nada mais que suas experiências, as quais já foram de todas as formas estudadas e discutidas cientificamente sem até hoje conseguirem negar sua veracidade. Algo que vejo como lógico, pois como podemos negar a experiência vivida e sentida na pele ou na carne por cada um que já passou pela triste experiência de ser um usuário de álcool ou drogas.

Se desde os anos 30 quando os AA diziam que não podiam sozinhos deixar de beber, reafirmados pelos membros de NA nos anos 50. Como que com simples estratégias ou pensamentos mágicos alguns pseudo-intelectuais podem afirmar que há possibilidade de usar controladamente drogas a partir do momentos que se desenvolveu a dependência? Temos que parar de achar que somos Deuses e que temos todas as respostas só porque temos domínio desta ou daquela teoria, e aceitar o que está nas ruas nos dias de hoje, a verdade de que não há controle.

Precisamos sim nos unir, todos sejamos profissionais da área da dependência química, usuários de drogas, familiares, dependentes químicos em recuperação, governo em toda a sua estrutura e a sociedade, numa força tarefa, num esforço onde será preciso abrir mão de paradigmas e de poderes, para ajudar, creio que esta é a palavra, AJUDAR, aquele que esta se matando, ou se morrendo como preferirem.

Precisamos parar de disputar qual teoria é melhor ou pior, qual funciona ou não e partir para a ação, mas uma ação conjunta de toda a nossa sociedade em prol da vida e do respeito ao indivíduo que sofre, vamos limpar as ruas e as pessoas que nela se encontram, é preciso higienizar sim, porque nossa cidade está imunda, com droga e drogados por todos os bairros e cantos.

Mas esta limpeza é para devolver a sociedade o indivíduo que está lá excluído, sujo, largado a própria sorte, e juntos devolvermos a eles a dignidade e a cidadania há muito perdido pelo uso de drogas, vamos trata-los com respeito em ambientes dignos, limpos com local limpo para dormir e fazerem todas as alimentações, de acordo com a fome que tiverem, fome esta que não é só de comida, mas de amor, de respeito, de espiritualidade, de dignidade.

E por incrível que pareça o mais difícil não é limpá-los e devolver a dignidade, o mais difícil é convencer nossa hipócrita sociedade a aceita-los com suas sequelas e dificuldades, pois ao voltar ao nosso convívio precisam de escolas, de casa, de trabalho, de amor e afeto e não de preconceito e discriminação.

Chega de demagogia e achar que eles podem tomar suas decisões e esperar que algum dia aceitem ajuda, este dia raramente vai chegar antes da morte ou da loucura. Então convido a todos que lerem este artigo, que arregace as mangas e vamos a luta, salvar nosso igual, o cidadão, o indivíduo, o sujeito, chamem como quiserem eu os chamo de companheiro que está abandonado a sorte das drogas.

Texto:

DANILO DELLA JUSTINA

Psicólogo – CRP 15/2070

Doutorando em Psicologia Social - UK