O governo de São Paulo lançou um projeto que foi rapidamente apelidado de “Bolsa Crack”. Funciona assim: famílias que possuem dependentes receberão mensalmente um cartão com R$ 1 350 de crédito, que pode apenas ser usado em clínicas credenciadas de reabilitação.
A ideia é permitir um novo começo ao usuário de drogas, suprindo a falta de instituições públicas através do financiamento de clínicas privadas, que geralmente são extremamente onerosas para a família.
A clínica evita que o usuário utilize a droga por meses, o que acontece quando ele sai? Como ele pode reestruturar toda a sua vida, que girava em torno do uso de drogas, o que é essencial para a sua reabilitação? Se não o fizer, voltará ao seu círculo de amigos, passará diante dos mesmos bares, dos mesmos locais onde usava; sentirá seu nariz coçar e fungará toda vez que pensar ou ouvir falar em cocaína, salivará ao pensar em bebidas, lembrará inevitavelmente da brisa da maconha. Como evitar tudo isso?
Em artigo publicado no jornal Estado de Minas, estado que apresenta um programa semelhante, o subsecretário de Estado de Políticas Antidrogas, Cloves Benevides, afirma que os índices dos melhores serviços indicam que a metade dos usuários irá recair. No mínimo. No Centro Mineiro de Toxicomania, em 2010, 40% eram casos de recaídas, e 60% de casos novos.
É necessária uma força de vontade imensurável para abandonar tais vícios, encontrada apenas em raras pessoas. Conheci usuários que perderam tudo, tentaram suicídio, sobreviveram, recomeçaram a vida do zero, apenas para recair novamente.
O apoio familiar é essencial, mas não é tudo; muitas vezes não basta. Incorro na repetição em dizer que mais dinheiro deveria ser deslocado para o combate ao tráfico, à prevenção ao uso e ao apoio social dos usuários.
Entretanto, contanto que o “Bolsa Crack” seja apenas um dos primeiros passos, talvez uma medida de contenção ajude em alguma coisa. Assim espero.
Não basta o governo de SP disponibilizar R$ 1350 mensais para os viciados se tratarem: é preciso também ajudá-los a se reinserir na sociedade, senão o risco de recaída é alto.
E que não seja apenas por conta da COPA DAS CONFEDERAÇÕES!!!!!!!!!!!