Grupos de mutua ajuda, para familiares de dependentes químicos, são irmandades, que acolhem os indivíduos que sofrem com o uso de drogas de um membro de sua família ou amigo, permitindo que sua vida seja afetada, e muitas vezes conduzida diretamente, por estas pessoas, com as quais se relacionam. Ou seja, é um espaço para trabalhar o codependente.
O número de membros assíduos, dos grupos de mútua ajuda, tem crescido consideravelmente. Se num passado não tão distante, eles foram criticados e alvo de preconceito, por parte dos profissionais, hoje a maior parte dos especialistas enxergam-no como um dos principais instrumentos para tratamento e reinserção, tanto de dependentes químicos, como de seus familiares, os codependentes.
São iniciativas voluntárias, sem fins lucrativos ou políticos, em sua grande parte, que proporcionam a estes indivíduos partilhar suas dificuldades, erros e acertos em seus relacionamentos. Um espelho de sua doença e comportamentos destrutivos. Um espaço de empatia, sigiloso e seguro, que permite dar e receber ajuda, não de profissionais, mas de pessoas que vivenciam o mesmo problema, em diferentes intensidades. Por esta razão, alguns os denominam carinhosamente como “Grupo dos Iguais”.
Estes movimentos sociais são formados e conduzidos por anônimos, pessoas que já enfrentaram ou enfrentam o problema. São frequentemente movidos pelo sentimento de gratidão, pois doam a outras pessoas, o carinho, respeito e conhecimentos que receberam gratuitamente. É importante ressaltar, que tais grupos não são uma vitrine para profissionais e clínicas, muito menos um meio de manipulação de famílias. Neles, o que menos importa são as profissões ou classes sociais, o que importa de fato, é o sofrimento que cada um carrega.
É fundamental, que os membros destes grupos compreendam, que estão ali para tratar de sua doença, e não da doença do outro. Para cuidar de seus comportamentos, entender melhor seu adoecimento e evoluir a cada dia, modificando aquilo que é possível, ter sua vida de volta. Não estão ali para serem humilhados ou alimentar seu controle, pelo contrário, estão naquele espaço justamente para libertar-se da ilusão de controlar a doença de seu familiar.
Muitos se perguntam o porquê de ir à estes lugares, frases como: “Eu nunca usei drogas, o problema não sou seu”, são cotidianas nesses lugares. Leva-se algum tempo para perceber, que o problema não está apenas no outro, está em mim também. Que em muitos casos, a maioria de suas atitudes facilitam o uso de drogas do familiar, permitem uma manipulação emocional, e uma continuidade do inferno, que tomou conta de suas vidas.
Os profissionais do mundo inteiro, já se renderam a esta forma de ajuda, eficiente e gratuita, que tanto ajuda no tratamento da Codependência. Ela não substitui o tratamento profissional, mas é um grande catalisador no processo de mudança, no comportamento dos Codependentes. O grande objetivo dos grupos, é que se consiga uma nova maneira de viver, de se relacionar com as pessoas que os cercam, de retomar sua vida e sua identidade.
Em ALAGOAS, contamos com esta ferramenta de ajuda, salas abertas com muito esforço, boa vontade e gratidão destes guerreiros anônimos. Al-anon, Nar-anon, Amor Exigente e Drogas Nunca são bons exemplos desta forma de ajuda.
Se nesse momento você ainda se questiona, sobre a necessidade de ir a um grupo, saia do comodismo, liberte-se do preconceito e do papel de vítima, busque ajuda. Dor compartilhada, é dor diminuída, você com certeza não está sozinho nesta guerra. Viva e deixe viver.
Joelma da Rocha Nunes
Psicóloga – CRP-15/2523
Doutoranda em Psicologia Social – UK – Universidad Kennedy