Ao olhar friamente os números oficiais, vemos que a quantidade de pessoas em situação de rua quase dobrou nos últimos 12 anos.
Além disso, o que falar da qualidade de vida dessas pessoas?
Vivem abaixo de qualquer padrão de dignidade.
Isso merece uma reflexão de todos nós sobre o que está acontecendo com a política, com os governantes, com a sociedade organizada, particularmente com as organizações e os diversos grupos sociais que tentam se organizar e lutar pelos direitos das pessoas em situação de rua.
As políticas públicas que deveriam atender essa população nos vários aspectos ligados à habitação, saúde, educação, limitam-se ao atendimento emergencial simplesmente.
As políticas afirmativas ou de proteção não chegam nem de perto para ajudá-las.
As transferências de renda, sistema burocrático e valor reduzido não contribuem para a pessoa ter nem mesmo motivação e assim aproveitar as oportunidades que vão aparecendo.
Estar na rua é como estar condenado a sofrer e morrer sem esperança.
As possibilidades de inversão dessa realidade são inexistentes.
Estão num plano que não conseguimos ver e nem entender.
De um lado, dá-se o cobertor, de outro lado, a polícia.
Além disso, as pessoas que vivem nas ruas são constantemente violadas nos seus direitos elementares por agentes públicos e nada acontece para que esta situação mude.
Será que podemos esperar que um dia apareça um Prefeito ousado que repense todo o arsenal de projetos e programas existentes que só fazem manter essa população nas ruas?
Uma ponta de esperança é o engajamento das próprias pessoas em situação de rua na luta para se ter uma política de fato, de saída da rua.
É preciso acreditar que existe um caminho para este engajamento.
As organizações, que fazem a manutenção do sistema, podem dar lugar a um movimento combativo e sem temor de errar. O caminho precisa ser trilhado e não importa que tenham falhas, mas o importante é não desistir e saber avaliar os erros e os fracassos.
É necessário romper com a estrutura que está montada para manter as pessoas nas ruas e criticar a falta de saídas.
Criar sistemas que não deixem mais as pessoas chegarem às ruas é o grande desafio e, sempre, desejamos que um dia possamos ver a diminuição do número de pessoas em situação de rua.
Que as pessoas acreditem que é possível mudar essa realidade, mas é preciso também ousar mais.
Que a esperança venha trazer mudanças necessárias.