Quando recorremos a etimologia da palavra “Doença” (do latim dolentia, padecimento) observamos, que  esta designa não apenas em medicina, mas também em outras ciências da saúde, um distúrbio das funções de um órgão, da psiqué ou do organismo como um todo, que está associado a sintomas específicos.

 Na Codependência, encontramos este adoecimento psiquíco, muitas vezes manifestado também no organismo, acarretando em outras comorbidades como depressão e cancêr. Nestes casos, é fácil verificar que algo está errado, que este indivíduo está adoecido.

 Difícil mesmo é descobrir que está doente, envolvido numa máscara de super-herói ou salvadora da família. Como perceber-se comprometido psiquicamente, enquanto o único olhar que se têm é em relação, ao outro?

E de maneira silenciosa, este adoecimento vem sendo cada vez mais frequente nas famílias onde existe  um dependente químico.

A crença de que a vida de outra pessoa, esta´em suas mãos, torna o Codependente um alvo fácil para manipulações emocionais, baixa autoestima, abandono de sua vida pessoal, enfim, uma verdadeira prisão afetiva, alimentada diariamente pelo medo , culpa, raiva e vergonha.

Ao atropelar seus sentimentos e necessidades, ele ignora sua necessidade de buscar ajuda, pois em sua visão distorcida de relacionamento, o problema está apenas no outro, e é ele quem precisa de socorro.

Codependência mata? Sim, qualquer doença que não for tratada com seriedade, pode matar. Falta de amor próprio, destrói. Principalmente quando os sinais são sutis, envolvidos por uma falsa realidade de controle e poder.

Não estamos lidando aqui, apenas com meros comportamentos, mas sim com uma forma de pensar, sentir e agir totalmente distorcidas em todos os relacionamentos que desenvolve. Trata-se de um organismo e principalmente uma mente, comprometidos.

Infelizmente os sistemas público ou privado de saúde, encontram-se vagarosos e ineficientes no tratamento desta problemática. Ainda assistimos a atenção dada ao Codependente se resumir a meras orientações de como não atrapalhar a vida alheia, ou de reforçar a ideia de que possui o poder do controle, quando o verdadeiro” tratar” seria resgatá-lo dessas grades afetivas, de sua falta de auto-cuidado, sua prepotência, sua desesperança, enfim, devolver sua sanidade.

A colaboração mais importante nas últimas décadas, foi sem dúvida o crescimento aos grupos de mútua ajuda. Um espaço de empatia e respeito, sigiloso e dinâmico, que permite ao Codependente entender, que seu sofrimento não é solitário e que é possível modificar sua conduta.

 Vejo como fundamental nessa recuperação, um bom e especializado Psicológo, que naõ vai guiar seu paciente, mas sim acompanhá-lo, orientálo e motivá-lo para pequenas conquistas diárias, que o levarão uma nova maneira de amar e nutrir seus relacionamentos.

O levará a compreensão, de que se vai ao grupo  para cuidar de si mesmo, independente das atitudes alheias.

Compreender que é possível e extremamente saudável, VIVER!

Texto:

Joelma da Rocha Nunes

Psicóloga - CRP: 152523

Doutoranda em Psicologia Social -