Conheça mais uma palestrante do Congresso do Amor Exigente em Maceió:

Professora: Ruth Vasconcelos

A humanidade tem muito a comemorar particularmente quando percebe, numa perspectiva histórica, as conquistas civilizacionais, os avanços tecnológicos, as melhorias e desenvolvimentos no campo das convenções sociais e na efetivação de projetos em favor da vida e das relações humanas na esfera social.

Paralelo a essas conquistas, no entanto, a humanidade convive com situações injustas e desiguais que se expressam através da miséria e da fome, das epidemias e do desemprego, do analfabetismo, do desamparo e da desassistência social, das mortes e guerras, enfim, de uma série de conjunturas degradantes que também resultam de construções sociais, frutos de decisões humanas nas esferas de poder e nas relações sociais e interpessoais.

 Assim, entramos no século XXI sendo protagonistas de um modelo de sociedade marcado por profundas contradições, participando de uma conjuntura extremamente paradoxal onde existem sinais evidentes de avanços, mas também traços marcantes de recuos e retrocessos civilizacionais; cenários que revelam importantes progressos, em paralelo a outros que se aproximam da degeneração humana e, porque não dizer, da barbárie.

Esta é uma realidade que desafia a todos que desejam uma sociedade mais justa e igualitária.   

Nessa sociedade globalizada, inscrita nesse complexo mosaico de diferenças e desigualdades políticas e sociais, exige-se, cada vez mais, a composição de uma organização social que valorize atitudes de respeito e responsabilidade com o outro, além do reconhecimento de princípios éticos e morais no balizamento das relações sociais e interpessoais.

Nenhuma conquista tecnológica pode ser usufruída em sua plenitude, sem que sejam respeitados os códigos, acordos e convenções que realcem o sentido maior da existência que a defesa e o respeito à vida humana e a vida do planeta.

Nesses termos, os interesses individuais não podem sobrepor-se aos interesses coletivos, assim como os valores egoísticos não podem se sobressair àqueles que expressam solidariedade, cooperação e  reciprocidade afetiva. 

 A indiferença e a intolerância, que invariavelmente estão presentes em processos de desagregação social, são sentimentos que produzem muitas dores e sofrimentos nas relações sociais.

Da mesma forma, o individualismo e o egocentrismo concorrem para a fragilização dos laços sociais, instigando processos desestruturantes e desestruturadores no tecido social, produzindo igualmente muitas dores e sofrimentos.

A efetivação da solidariedade, o desenvolvimento de laços sociais que valorizem o reconhecimento e a reciprocidade entre os sujeitos, certamente são processos que favorecem a construção da justiça e da igualdade social.

São muitos os caminhos que podem ser tomados para a construção de uma sociedade justa, igualitária e pacificada; no entanto, o ingrediente que não pode faltar nesse processo são os valores de respeito, responsabilidade, solidariedade, tolerância, cooperação, lealdade e reciprocidade.

Esses são valores que contribuem para a agregação social, evitando, assim, o enfraquecimento dos laços e dos valores coletivos imprescindíveis para a vida em sociedade.

Esse é um caminho viável que certamente contribuirá para a desconstrução dos problemas sociais que produzem tantas dores e sofrimentos entre os seres humanos que partilham esse estranho e inquietante tempo histórico e social

Ruth Vasconcelos

 Professora do Instituto de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFAL e Coordenadora do Núcleo de Estudos sobre a Violência em Alagoas (NEVIAL).

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