Hoje gostaria de refletir sobre o dependente químico, não sobre sua doença, não sobre políticas públicas tão em voga atualmente, mas apenas do homem ou mulher que adoeceu sem perceber e sem querer, e vem sendo motivo de enriquecimento de alguns, miséria de outros, de verbas para isso ou aquilo, trampolim de campanha de alguns políticos que adoram o sofrimento alheio.

Duvido que alguém quando pequeno queria ser um fracasso, uma vergonha, ou um destruidor de lares ou de vidas, duvido que alguém goste de manipular pessoas, enganar e se enganar todo o tempo, duvido que alguém suporte ser sempre o mico da turma, o irresponsável que está se matando e maltratando a todos que se colocam em seu caminho.

Então porque humilhar um ser humano pelo simples fato de existir? De ser diferente? De não ter como se defender, nem mesmo de si mesmo? Porque este ser humano não pode ter uma assistência descente para tratar sua doença? Os profissionais perdem tempo e muito dinheiro discutindo teorias, formas de tratamento, uns criticando os outros porque fazem diferente?

Quando se fala de doença fatal como câncer, todos vão em busca do melhor profissional, do melhor tratamento, não entendo porque que para o dependente químico, qualquer coisa serve, qualquer palpite de qualquer leigo é válido, e não vemos investimentos em tecnologias nem investimentos para tratamento, e quem sabe até uma possível cura ou pelo menos um manejo mais fácil do que privar o ser humano, principalmente o jovem da viver normalmente em sociedade. Será que se para tratar a dependência química fosse necessário exames caríssimos com equipamentos de altíssima tecnologia, não teríamos vários centros especializados no país?

Este homem ou mulher, precisa é de amor, de carinho, de respeito, de tratamento especializado e de uma chance de aprender a viver uma nova vida, sem as drogas. Não é um ser incapaz muito menos uma aberração para ser exposto em praça pública como querem alguns, eles tem muita capacidade sim de aprender, de trabalhar, de amar de viver uma vida normal após um tratamento digno e competente.

           

Texto:

Danilo Della Justina

Psicólogo – CRP 15/2070

Doutorando em Psicologia Social.