O problema do uso indevido de drogas está disseminado em todos os lugares. Escolas, clubes, condomínios, comunidades, todos enfrentam essa questão.

Muitas vezes, por não se saber como abordar o problema, não se toma iniciativa para tentar resolvê-lo. Considerando que são muitos e variados os fatores que causam os problemas com o abuso de drogas, uma ação isolada não é suficiente.

São necessárias ações conjuntas, em diferentes níveis, realizadas e dirigidas para os diversos grupos que compõem a comunidade.

Na definição das estratégias de prevenção, é preciso considerar que as palavras e as informações não bastam.

É importante que todas as pessoas envolvidas tenham oportunidade de refletir sobre seus comportamentos e sobre suas opções de vida, procurando identificar os caminhos para uma vida mais saudável.

Alguns fatores podem contribuir na hora de prevenir a dependência química:

Fatores do próprio indivíduo

Na passagem da experimentação para o uso regular e na manutenção do uso, fatores mais relacionados com características internas do adolescente, tais como insegurança ou sintomas depressivos, podem estar envolvidos.

Analisando-se os fatores internos do adolescente que podem facilitar o uso de álcool e drogas, podem-se citar também a insatisfação e a não realização em suas atividades. Os jovens precisam sentir que são bons em alguma atividade, sendo que esse destaque representará sua identidade e sua função dentro do grupo.

O adolescente que não consegue se destacar nos esportes, estudos e relacionamentos sociais, dentre outras ações, pode buscar nas drogas a sua identificação. A insegurança quanto ao seu desempenho também exerce o mesmo papel, no sentido de empurrá-lo para experimentar atividades nas quais se sinta mais seguro.

Em relação aos esteroides anabolizantes, Bahrke e colaboradores (1998) afirmam que a insatisfação com a própria imagem corporal e a deposição de muita importância nos atributos físicos podem se tornar fatores de risco para o uso dessas substâncias, que acabam desempenhando um papel na manutenção da autoestima desses jovens.

Ao mesmo tempo, a curiosidade e a busca de emoções, também presentes na adolescência, são fatores que contribuem para o desejo de experimentar sensações novas e integrar-se em comemorações e festas que podem incluir comportamentos de risco e o uso de drogas.

Fatores familiares

Devem-se considerar como fatores que têm influência tanto para favorecer o uso de drogas como para servir de proteção o fator genético e o papel formador da família.

Em primeiro lugar, temos o fator genético, ou seja, filhos de pais dependentes de álcool e/ou drogas apresentam risco quatro vezes maior de também se tornarem dependentes.

Uma série de estudos realizados com gêmeos estuda a hereditariedade dos transtornos relacionados ao uso de drogas. Tanto fatores ambientais como genéticos contribuem para o uso e abuso/dependência de drogas.

Com exceção dos sedativos e opiáceos, a hereditariedade estimada, em algumas pesquisas, foi maior para o abuso e a dependência de drogas (cocaína, estimulantes, maconha, álcool) do que para o seu uso, enquanto os fatores ambientais contribuíram mais para o uso delas (cocaína, estimulantes, maconha, álcool).

Outro aspecto de fundamental importância é o papel da família na formação do indivíduo. É função de a família proporcionar que a criança aprenda a lidar com limites e frustrações.

Crianças que crescem num ambiente com regras claras, geralmente, são mais seguras e sabem o que devem ou não fazer para agradar.

Quando se defrontam com um limite, sabem lidar com a frustração, por terem desenvolvido recursos próprios para superá-la.

Sem regras claras, é natural que o jovem sinta-se inseguro e, na tentativa de descobrir as regras do mundo, também testará os seus limites, deparando-se com frustrações.

Dessa maneira, as drogas surgem como “solução mágica”: o seu consumo faz com que todos os sentimentos ruins desapareçam por alguns instantes, sem necessidade de esforços maiores.

Na adolescência, sem a proteção da família, o adolescente desafiador e que não sabe lidar com frustrações apresenta maior chance de desenvolver uso indevido de substâncias.

Dessa forma, o conflito entre os pais é um dos fatores de risco mais relevantes, pois expõe as crianças e os adolescentes à hostilidade, à crítica destrutiva e à raiva.

Frequentemente, esses conflitos estão relacionados a alterações no comportamento, tais como agressão, sentimento de bem-estar prejudicado e funcionamento social inadequado.

Em especial nas adolescentes, isso pode precipitar sintomas depressivos, delinquência e problemas com álcool.

Fatores sociais

A influência dos modismos é particularmente importante sobre os adolescentes (KANDEL e YAMAGUCHI, 1993). A moda reflete a tendência do momento e os adolescentes são vulneráveis a estas influências.

Eles estão saindo da infância e começando a ganhar autonomia para escolherem suas próprias roupas, suas atividades de lazer, enfim, definir seu próprio estilo, e a moda influenciará a escolha desse estilo.

Nessa escolha de modelos, salienta-se a pressão da turma, os modelos dos ídolos e os exemplos que esses jovens tiveram dentro de casa, ao longo de sua infância.

O uso indiscriminado de medicamentos, como remédios para relaxar, para melhorar o desempenho sexual e para dormir, dentre outros, dão ao jovem a impressão de que, para qualquer problema, há sempre uma alternativa química de ação rápida que não requer grandes esforços, enfim, resposta consoante com o imediatismo característico da juventude.