Por que é invisível o genocídio dos jovens negros em Alagoas?

07/02/2013 05:57 - Raízes da África
Por Arisia Barros

Em nome de Gutemberg Bandeira, jovem negro alagoano , ativista, dançarino de coco, saxofonista, ator , militante do movimento social, capoeirista, brutalmente assassinado, na madrugada do dia 05 de fevereiro, sob o manto do silêncio conivente da sociedade alagoana.


A morte dos jovens negros em Alagoas é como um grande navio negreiro. As correntes internalizadas e institucionalizadas prendem as vozes da denúncia social, mantem parado o grito de indignação.
Indignar-se pela morte de jovens ativistas pobres, artistas negros da periferia?
Não há o exercício do humanismo ou solidariedade de manifestações institucionais pelo extermínio de jovens pretos. Em Alagoas naturalizou-se a questão embrulhada em um Plano do Governo Federal.
A morte com seu folego afiado nos alcança, facilmente. Continuamos sendo executados
Nós, as representações negras, azuis, vermelhas, deste estado, em que ecoou o grito da primeira República Negra e Livre da América Latina, temos que ir às ruas fazer revolução em prol dos nossos. Revolução que rime com bandeiras de ação, exigir direitos à vida como garantia do estado democrático.
Alagoas é um estado democrático?
Carecemos de atuação que vá além da árida teoria na criação de espaços institucionais parados no tempo, ou que se transformem em moeda de compra e venda na mão de partidos políticos. Precisamos ir além das redes sociais. Tornamo-nos sociedade complacente que de tanto procurar desvios nos perdemos em becos sem saída.
Precisamos juntar os pedaços da nossa identidade para construir uma identidade coletiva.
Cabe a nos, o povo preto e o pobre, que sente no amago o que é racismo institucional a mobilização de ações estratégicas que vão de encontro a essa tolerância repressiva.
Nossos jovens estão sendo executadas pela naturalização do racismo. Quando morrem tantos jovens negros a perpetuação de muitas famílias cessam. É assim.
Alagoas é um estado cruel na sua acepção de apartheid: negros e pobres são subjugados a esses tempos de morte como história contínua de uma escravidão ininterrupta.
E nós, vamos fazer o quê? Solidariedade pelas redes sociais e o bonde segue adiante. Só?
Vamos ocupar as esquinas da omissão estatal. Vamos fazer revolução, pelo nosso direito à vida,minha gente.
Vamos?
 

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..