Crônica do Ano Novo em uma cidadezinha alagoana.

02/01/2013 17:39 - Raízes da África
Por Arisia Barros

O locutor da festa perguntava a todo instante: Vocês estão felizes? Vocês estão felizes?
Os olhares do povo que atropelava de expectativas a ruazinha estreita, quedaram-se silenciosos.
Cutuquei a moça ao lado e perguntei: Você está feliz e ela levantando os ombros indecisos respondeu:- Sei lá!
Pelo visto o marketing da felicidade relâmpago de final de ano não contagiou a multidão, que a todo instante brotava das ruas miúdas da cidadezinha alagoana, para encher os espaços no entorno do palanque,em que estava o locutor feliz.
O palanque do locutor feliz ficava bem no finalzinho da rua e tinha como paisagem de fundo a prainha abraçada por inúmeros barcos dos pescadores do local.
Saímos de Maceió, a capital das Alagoas, no ano ainda velho e o quase Ano Novo nos encontrou aprisionadas no trânsito efervescente regido por buzinas agitadas, que tomou conta das ruazinhas estreitas do município praieiro.
Apesar da praia, o calor da multidão competia com o estourar dos fogos que iluminou os céus e fez a lua minguar...
A meia noite maiúscula , o prefeito eleito da cidadezinha fez um discurso carregado de promessas substantivas. Faixas pelas ruazinhas afirmavam que o prefeito eleito é o tal cara. O cara é ele!
Quando o locutor feliz começou a contagem regressiva nos libertamos do carro, ainda parado no transito complexo da cidadezinha e fomos à rua nos solidarizar com a partida de 2012 ( existe cemitério para sepultar ano velho?) e espalhamos a boa nova: 2013 chegou, entre gritos, abraços e outros afagos.
Indescritível o silêncio que se espalhou no ar,  enquanto o povo contemplava o espocar dos fogos, como raios de sol que vislumbravam um novo dia ou mesmo uma nova época. Era como se todos os espíritos estivessem sendo iluminados pelas possibilidades de novas chances.
E interpretado os sinais da luz artificial que riscavam os céus,  os aplausos interromperam másculos, quebrando o silêncio  e uma felicidade superlativa e grandiosa preencheu o ar, por um momento ínfimo no tempo, essa mesma multidão irmanou um sentimento único de fraternidade. Éramos todos iguais.
E envolvido pelos fogos o locutor feliz esqueceu a felicidade alheia e foi feliz também.
Na manhã do dia seguinte o prefeito eleito, o tal cara , tomou posse da prefeitura da cidadezinha e o locutor feliz ainda dormia.
A multidão que ocupava as ruazinhas também.
E 2013 chegou!
 

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