O menino aos doze anos já sente no corpo magro a responsabilidade do mundo todo : Tia, posso te fazer uma pergunta?
-Sim.
- É muito caro para internar uma pessoa?
O pai do menino é viciado em crack. Um dia foi embora para o Rio de Janeiro tentando libertar-se do vício. Passou dois anos sem o consumo e aí, “recuperado” resolveu regressar a terra natal, Maceió.
Pegou o filho que estava emprestado com a família, montou casa, comprou meio de locomoção e cinco meses depois sucumbiu , novamente, ao poder do crack.
O menino diz: - Tia, a senhora precisa ver como meu pai está magro. Eu vi quando ele tirou a camisa , é só osso.
O menino ama o pai e não quer vê-lo morrer. O pai, também, ama o menino.
O menino pede com o olhar triste que alguém socorra seu pai.
E eu me comprometi com o menino a buscar ajuda.
O menino tem doze anos e responsabilidade de gente grande. Ele é a única companhia do pai. O menino entende que o pai é doente.
- Enquanto meu pai está na rua , não consigo dormir- diz o menino com semblante triste.
O menino é triste.
E a triste responsabilidade da crinaça  me faz perguntar: Qual o órgão público, no estado de Alagoas, que pode ajudar, gratuitamente, a internar o pai do menino?
Qual?