Venha que eu comprei seu vinho predileto: Quinta de Morgado!

06/10/2012 05:03 - Raízes da África
Por Arisia Barros

Muitos anos enfurnada no trabalho começo a redescobrir que, ainda, existe vida inteligente lá fora. Sair, encontrar gente, jogar conversa fora e depois recolhê-la, gargalhar até a exaustão. Recebo um telefonema na madrugada, a voz sonolenta me intimando: Daqui a pouco é meu aniversário e não abro mão da sua presença. Acordei, agorinha, com uma saudade danada dos meus amigos e resolvi ligar para cada um e quero juntá-los todos, inclusive você que é uma amiga, muito especial.
Bonito!
O telefonema estourou meu sono, mas encheu o coração de uma emoção incomensurável, com a autêntica expressão dos afetos: pessoas são preciosíssimas e não chegam à vida da gente por acaso, aliás, nada na vida é por acaso.
Ainda pensei em arrumar a desculpa em palavras floridas, das muitas coisas que coleciono para fazer, mas, a voz do outro lado da linha estava dando as cartas: E não me venha com desculpas, tá? A gente é quase vizinha, E nunca mais se viu.
Como esse nunca soou infinito! Pega em flagrante delito, sorri ,um riso silencioso,e sem alternativas, afirmei que iria.
Invente tempo- me diz a voz que convida.
Tempo a gente inventa, já dizia Cazuza.
É pensei: não ter ou não “inventar” tempo para estar com as pessoas que gostam da gente, de verdade, é o que faz com que as relações ficarem pálidas. A emoção vai se desgastando aos pouquinhos. Uma palavra aqui, uma desculpa ali, mais um esquecimento e o jogo do desinteresse está formado.
O tempo do estar junto depende, unicamente, da nossa capacidade de priorizar as fronteiras do partilhar trocas, emoção, interesses, epidermes, experiências, sonhos e etc,etc,etc.
O telefonema me despertou o olho para amigos e amizades. Faz tempo que não vejo muitos e alguns.
E antes de desligar, a voz que me despertou na madrugada, ainda sintetiza: Venha que eu comprei seu vinho predileto: Quinta de Morgado!
Fiquei quieta para não magoar o carinho e pensei com meus botões: Desde quando bebo vinho?
Vou-me embora, como diz uma amiga. Vou cuidar de ser feliz, ou, como eu mesma afirmo: - Vou cuidar da vida porque a morte é certa.
E um aviso importante: - Não recebo telefonemas na madrugada, tá? Esse foi exceção que fugiu a regra.
Depois conto da festa.
Tenham um excelente sábado. Bom dia!

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