Para o campeão mundial de 1996, Damon Hill, não se deve culpar Lewis Hamilton pela saída da McLaren. Para o britânico, a escuderia de Woking não cuidou bem do piloto que preparou desde os tempos do kart, quando tinha 13 anos. Na última sexta-feira, a Mercedes anunciou a contratação de Hamilton para substituir o heptacampeão Michael Schumacher em 2013.

- Lewis tem sido como um pássaro engaiolado na McLaren. Ele tem sido controlado em cada polegada de sua vida. Não dá para culpa-lo por procurar se mudar para outro lugar. Lewis precisava deixar a McLaren para esticar suas asas – analisou Hill em entrevista concedida ao jornal inglês “Daily Mail”.

ill destaca que um dos principais símbolos da interferência da McLaren na vida dos pilotos é o fato de a equipe ficar com os troféus conquistados nas corridas – apenas Ayrton Senna conseguiu negociar uma exceção. O ex-piloto acredita que este foi um dos motivos para o campeão de 2008 deixar a equipe.

- Nunca consegui colocar na cabeça a lógica de um time ficar com os troféus dos pilotos. É o princípio, não o troféu, que está em jogo. Depois de conquistar um campeonato, há um ponto que você pensa: “Esta vida é minha”. Você pode ter a barriga cheia e se tornar uma foca amestrada. Ninguém quer estar em liberdade condicional por toda a carreira. É claro que você precisa lutar dentro do carro. Mas chega uma hora em que você precisa prova que pode motivar a si mesmo. São coisas que Lewis tentou equilibrar – avaliou.

Hill crê que a atitude do compatriota em trocar de equipe é uma grande lição para o mundo da Fórmula 1. Ele acha que o episódio demonstra uma mudança na relação de forças entre pilotos e escuderias.

- É uma mudança no equilíbrio de poder da F-1. Isso mostra que um piloto é um ingrediente mais importante no esporte do que as equipes gostam de pensar. A F-1 faria bem em lembrar que o público se relaciona mais com as carreiras dos pilotos do que com qualquer equipe, com exceção da Ferrari. Para o público, o esporte é sobre os pilotos. Há uma enorme desconexão entre a filosofia dos times e dos pilotos. Os pilotos só querem correr, eles não vêem a F-1 como um exercício de marketing ou desenvolvimento de produto. Para a equipe, o piloto é um mercenário. Mas eles tem o direito de ter uma carreira. Eles não pertencem à equipe – concluiu Hill.

Hamilton estreou na McLaren em 2007 e se consagrou campeão logo no ano seguinte. Nesta temporada, é quarto colocado com 142 pontos, 52 a menos que o líder do campeonato, Fernando Alonso, da Ferrari. Pupilo do ex-chefe da McLaren, Ron Dennis, desde do tempo do kart, Lewis enfrentava desgaste na sua relação com o atual chefe do time, Martin Whitmarsh. A próxima etapa da competição será neste fim de semana.