"Brasileira", Williams tenta voltar aos melhores dias em 2014

15/03/2014 16:30 - Fórmula 1
Por Terra

Para a temporada de 2014, que tem início nesta semana, a Fórmula 1 por pouco não ficou sem pilotos brasileiros pela primeira vez desde 1969. O acerto de Felipe Massa para correr pela Williams impediu que a sequência que completa 45 anos fosse quebrada. E surpreendentemente gerou grande expectativa depois de bons resultados nos testes de pré-temporada já para o GP da Austrália, na madrugada deste domingo, às 3h (de Brasília). Felipe Massa largará em nono.

A nova escuderia do brasileiro, uma das mais tradicionais e vitoriosas da categoria, tem tido um desempenho progressivamente inferior a cada ano, igualando em 2013 os piores resultados da sua história no Mundial de Construtores.

A nona posição alcançada aconteceu anteriormente em apenas duas ocasiões: na temporada de estreia da Williams na F1, em 1978, e em 2011, com Rubens Barrichello e Pastor Maldonado nos volantes.

Relegada a um lugar na classificação que não condiz com a sua história, a Williams tenta se reinventar para a atual temporada e apostará no talento - e dinheiro - brasileiro para voltar a brigar no topo da tabela. Como esclarece no seu site, a equipe criada por Frank Williams não é uma empresa multinacional cujo time da F1 é apenas mais um produto. Pelo contrário, é uma das poucas escuderias independentes, que vive apenas para competir e obter bons resultados.?

Para se sustentar, a Williams depende de parceiros comerciais e, em 2014, dois destes virão do Brasil. Petrobras e Banco do Brasil patrocinarão nesta temporada a equipe, que, não por coincidência, terá dois pilotos do País: além de Felipe Massa, Felipe Nasr testará o carro FW36 em todos os circuitos da Fórmula 1.

Atual piloto da Prati-Donaduzzi na Stock Car e ex- Williams, Antonio Pizzonia conversou com o Terra a respeito da "brasileirização" do time da F1 e explicou que a presença dos dois Felipes motivou a chegada de patrocinadores brasileiros, mas não acredita que ambas as empresas terão poder de decisão para a manutenção de corredores do País na categoria.

Para ele, a situação é distinta de seu período na escuderia de Frank Williams, a qual defendeu em 2004 e 2005. Na época, a BMW era a principal parceira e tinha, sim, capacidade de influenciar na escolha de quem estaria atrás dos volantes da equipe.

"No caso da época da Williams e BMW, a própria BMW trouxe parceiros financeiros para a equipe, como a Castrol e a Allianz, que eram parceiros da própria montadora. Uma fabricante pode trazer muitas coisas para uma equipe de corrida. Por outro lado, em termos de força, ela pode exigir outras coisas. 90% do orçamento (da Williams) praticamente vinha da BMW, ainda que indiretamente", contou.

Esta influência financeira da BMW foi, para Pizzonia, o principal motivo para a sua saída da equipe. "No meu caso, fatores políticos e, devido a minha nacionalidade, pesaram contra mim. A BMW queria de qualquer jeito um piloto alemão na equipe", justificou Pizzonia, que acabou preterido por Nico Rosberg para a temporada de 2006, a pior da parceria com a montadora alemã.

Em 2014, após bons resultados nos testes na Espanha e Bahrein, a Williams promete ter um ano melhor do que os anteriores após investir em talento nos volantes e nos bastidores. A contratação de Rob Smedley, ex-engenheiro de Massa na Ferrari, faz parte de um plano que vai contra o histórico da escuderia de formar profissionais em casa, o que não resultou em sucesso nos últimos anos. A nova postura gerou boas expectativas para brasileiros que passaram pela equipe.

"Acredito bastante no potencial da Williams. Estava vendo uma coisa acontecer nesse ano que eu nunca tinha visto antes. A equipe estava contratando muita gente com nome, engenheiros que tinham histórico. Do ano passado para cá investiram muito. A chance da equipe crescer era muito grande", disse Antonio Pizzonia.

Com passagem mais recente pela escuderia, Rubens Barrichello afirmou nesta semana que também vê com bons olhos a temporada de 2014 da Williams.

"Com certeza, eles são competitivos e com chance de vencer a primeira prova (do ano). Agora, a evolução da equipe depende muito daqueles que foram contratados e toda parte técnica, que é diferente daquela de quando eu estive lá", disse o brasileiro.

Não é só gente de fora da Fórmula 1 que confia na Williams desta temporada. Felipe Massa deu uma entrevista à Rede Globo na qual disse crer que é possível obter bons resultados. "Acredito que a gente pode até estar bem mais preparado que as outras equipes para a primeira corrida (na Austrália)", afirmou.

Williams, 20 anos depois da tragédia de Ímola
Antonio Pizzonia foi o primeiro brasileiro a pilotar uma Williams desde Ayrton Senna, que correu na escuderia britânica em 1994, o último ano de sua carreira. Vítima de um acidente fatal no GP de San Marino, Senna será homenageado em 2014 pelo aniversário de 20 anos da sua morte com uma imagem estampada no lado esquerdo do bico do FW36, acompanhada da mensagem "Ayrton Senna Sempre".

O atual piloto da Stock Car falou do peso de ser o brasileiro a suceder Senna na Williams e contou que a lembrança da tragédia de Ímola era motivo de muito respeito e poucas palavras.

"O assunto e o nome do Senna ficaram algo muito respeitado e pouco falado dentro da equipe. Era uma coisa que o própio Frank tinha na cabeça dele e se sentia um pouco culpado pelo que aconteceu, por ser o dono da equipe", comentou Pizzonia. "Não senti pressão, me senti extremamente honrado em ser o primeiro brasileiro depois dele. Não exitia pressão e responsabilidade a mais", completou.

Dez anos depois das primeiras corridas de Pizzonia na Williams, será a vez de Felipe Massa estrear na escuderia no aniversário de um dos momentos mais sombrios dela.

Ao lado de Valteri Bottas e com um investimento maior nos bastidores, o brasileiro tentará levar a equipe de Frank Williams mais próxima do título da Fórmula 1, feito alcançado pela última vez há 17 anos. Se os resultados vierem, o investimento e talento brasileiros serão consideráveis no balanço final.

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