Agressão a sociólogo foi uma forma ignóbil de violência, comparada com métodos da ditadura militar- afirma promotora.

16/08/2012 03:16 - Raízes da África
Por Arisia Barros

Em reunião ocorrida na terça-feira, 14 de agosto, com a Promotora de Justiça Criminal, Coordenadora do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos do Ministério Público de Alagoas e Conselheira dos Conselhos Estaduais de Direitos Humanos e Deliberativo do Programa Federal de Proteção à Vítimas e Testemunhas, Marluce Falcão, o sociólogo Carlos Martins fez um breve relato sobre a invasão ocorrida em sua residência por agentes do estado, responsáveis pela segurança pública no estado de Alagoas.
Fala Martins: - Quando bateram no portão da minha casa estava me preparando para ir ao UFAL e perguntei de longe; Quem é?
Uma voz de homem respondeu: - É a Polícia, abra o portão. Nesse momento pensei que eram bandidos.
Como estava sem a chave do cadeado, disse que iria pegá-la e gritaram a ordem: Não! Arrombaram o portão, invadiram minha casa, pediram meu braço esquerdo, depois o direito e me aprisionaram com algemas. A partir dali comecei a temer por minha vida.
Segundo a Dra. Marluce Falcão o uso das algemas não é prática usual e sim exceção. O Supremo Tribunal Federal em muitos casos considera o uso de algemas prática abusiva.
Eram entre 10 e 15 homens para só um: sociólogo, preto e intimidado pela força das armas.
Era uma busca e apreensão- disse a polícia.
- Tem mais alguém aí? Perguntavam.
Carlos continua o relato: Como é o nome do senhor- perguntei ao policial e ele respondeu: Não posso dizer nada porque sou da inteligência.
Conheço todos os métodos, pois atuei na área de Inteligência - afirma a promotora Marluce Falcão- e os procedimentos adotados foram amadores
Estavam todos encapuzados. Não vi o rosto de ninguém-afirma Carlos.
Aí um me chamou, colocou uma cadeira e pediu para que eu ficasse de costas. Homens empunhando armas ficaram do meu lado impedindo que eu olhasse para trás.
Começou um barulho de equipamentos sendo montados. Aterrorizado pensei que estavam montando algum equipamento de tortura. Foi inevitável. Chorei!
Perguntavam sobre um veículo Gol branco e retruquei que nosso carro era um Celta preto. Indagaram da placa o nervosismo não me deixou lembrar.
O barulho dos móveis e objetos sendo revirados e a recomendação insistente de que eu não olhasse para trás, me deixavam bem mais assustado.
Após todos os equívocos fui levado para o DEIC, em uma carro de polícia, helicóptero sobrevoando, policiais armados até os dentes. Uma mega operação policial que despertou desconfiança nos vizinhos do conjunto que moro faz apenas dois meses.
Após o relato a Dra. Marluce explanou sobre o caso e fez os encaminhamentos devidos para que sejam averiguadas as condutas lesivas a norma penal, afirmando que será realizada uma análise documental e dos fatos, como também solicitou ao sociólogo, Carlos Martins, que ele providenciasse junto a Delegacia uma certidão como atestado da sua idoneidade moral. Determinou, ainda, o envio da situação ao Juiz Maurício Breda, da 17ª Vara Criminal da Capital, em Maceió.
Presente à reunião vereadoras Heloisa Helena e Tereza Nelma, Laurita Santos ( esposa do Carlos), Valdice Gomes, Filomena,
 

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