Até pouco tempo, a classe média achava que era vítima do tráfico quando um usuário de drogas roubava a bolsa de uma senhora, ou o relógio de algum motorista distraído no semáforo. No entanto, de alguns anos para cá, essa convivência está cada vez mais intensa. De meros personagens em uma história marcada pela violência, “madames” e “motoristas” passaram a serem também mães e pais de viciados.

De acordo com um integrante dos “Narcóticos Anônimos” aqui de Maceió, que não pode ser identificado para preservar a integridade do trabalho por ele desenvolvido, o número de viciados em crack pertencentes à classe mais alta da sociedade está cada vez maior, e pior, não para de crescer. “Temos alguns critérios, por exemplo, não perguntamos detalhes sociais para as pessoas que procuram ajuda. Só sabemos a que classe elas pertencem depois que entram para a irmandade”, explicou.

Ele disse também que os jovens ricos, que supostamente deveriam ser mais esclarecidos, estão sendo enganados facilmente pelo traficante, geralmente bem menos instruído do que eles. “Começam com a maconha, depois o 'mesclado', que é o baseado misturado com cocaína e em seguida o 'cabralzinho', ou 'capetinha', que é o cigarro de maconha misturado com crack raspado. Depois disso, um simples baseado nunca mais terá o mesmo efeito”, comenta o rapaz que a todo instante comemora os dois anos e meio, ou melhor, os novecentos dias sem usar a droga.

Nós já estamos recebendo jovens de 15 anos com uso grave de crack. No caso grave de crack, ele chega emagrecido, abatido, perdeu os hábitos de higiene, transgredindo as normas familiares, sociais, fazendo assalto fora de casa, pegando as coisas da família, vendendo as próprias coisas, não consegue dar continuidade a um relacionamento saudável, afetivo,familiar, não consegue trabalhar, não consegue estudar, não consegue fazer nada.Os jovens chegam num grau muito grave, não só de danos físicos, como psíquicos, sociais e familiares.


Sinais de alerta para os quais os pais devem ficar atentos

Os usuários de droga são mestres em mentir, simular e manipular. Eles podem usar drogas por um longo período e os pais não perceberem (maconha, de um ano e meio a dois, cocaína, um ano; no caso do crack, pela gravidade, muito menos tempo). Normalmente os pais são os últimos, a saber. Existem muitas maneiras de se encobrir o uso de drogas.

Ficar olhando os olhos do filho para ver se estão vermelhos é coisa que “já era”. Basta usar colírio. Cheirar? Um bochecho com alguma bebida alcoólica resolve afinal o álcool é socialmente aceito e o pai, aliviado, dirá: “É só uma bebedeira de jovem. Até amanhã passa!”, sem perceber que há outra droga no “pedaço”.

O grande sinal de alerta são as mudanças de comportamento: troca de amigos ou de turma; não trazer os novos amigos para o convívio da família; irritabilidade; perda do apetite ou o comer compulsivo e desmedido; alteração profunda no ritmo de sono, troca do dia pela noite; maneira de se vestir; ser roubado frequentemente (poderá estar trocando roupa por droga); objetos que somem estranhamente de casa (provavelmente não é a empregada); mudança drástica quanto ao aproveitamento escolar (para cima ou para baixo); isolamento; falta de cuidado com o corpo; perda inexplicável do emprego; ausências; mentiras constantes, mesmo que sejam pequenas e aparentemente irrelevantes.

Fique atento, pois a qualquer momento você pode perder seu filho para os traficantes de drogas.