Estudo inédito com mães de usuários de drogas em SP

08/07/2012 17:17 - Bispo
Por Redação
Image

Pesquisa traça perfil dos familiares de dependentes químicos

Sob a coordenação geral do psiquiatra Ronaldo Laranjeira e orientação do psiquiatra Sandro Sendin Mitsuhiro e da psicóloga Maria de Fátima Rato Padin, a UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo, em parceria com a UNIAD - Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas e o INPAD - Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e outras Drogas realizaram a pesquisa para traçar o Perfil Sócio-Demográfico de Familiares de Dependentes Químicos em Grupos de Ajuda, na cidade de São Paulo.

Os grupos escolhidos para realizá-la foram os do Amor-Exigente. Quinhentos familiares foram entrevistados.

Os motivos que levaram os pesquisadores a estudar a família foram vários, entre eles, a inexistência de dados estatísticos no Brasil, o fato destas familias serem parte de grupo de risco para problemas de saúde, por viverem impacto semelhantes aos vividos por familiares com doenças terminais e para avaliar os fatores de risco de proteção que a família representa.

Nas famílias pesquisadas, 77% eram mulheres. A classe social dominante, com 48%, foi a B, e a idade dos entrevistados , na maioria ficou, entre 45 e 54 anos ( 36%), acompanhada pela faixa etária entre 55 e 64 anos (28%).

Quarenta e um por cento dos entrevistados descobriu o uso porque o comportamento do usuário mudou, enquanto que 30% descobriram pois ele estava usando em casa.

Entre os frequentadores com até 30 anos, a busca por ajuda demorou após a descoberta cerca de 1,7 anos. Já os com mais de 30 anos levaram cerca de 4,7 anos para procurar ajuda. O motivo da demora foi justificado por 30% dos entrevistados pelo fato de não saber qual ajuda buscar. Vinte e quatro por cento achou que poderia resolver sozinho e 17% pensou que fosse passageiro.

Entre as maiores dificuldades para o tratamento ficou a resistência do dependente em aceitar o tratamento (52%), os comportamento inadequados da família (11%), como negação, distância, falta de apoio, divergências de opinião entre pai e mãe, decisão de internar ou não. Dez por cento dos entrevistados afirmou que a dificuldade foi a situação financeira e 6%, a falta de informação.

O número médio de pessoas afetadas pelo consumo de álcool e drogas pelo dependente químico é 9,94. Se a média de moradores por domicílio é de 3,35 pessoas, a pesquisa mostra que o número de pessoas afetadas extrapola a família nuclear.

Setenta e dois por cento dos usuários destas famílias foram internados, 95% deles quando a droga de uso era o crack. Em média foram internados 2,7 vezes. Quando houve internação, a maioria foi em Comunidade Terapêutica (64%) e , nestes casos, a própria família pagou o tratamento (76%).

Para os que buscaram tratamento, o mais eficiente (37,7%) foi o encontrado no Amor-Exigente, nos Grupos de Apoio em Geral e na religião. Na sequência, os entrevistados citaram a internação (33,3%) e os profissionais de saúde - psiquiatras, psicólogos, terapeutas (7,6%).

Entre os principais sentimentos em relação ao problema estão a tristeza (28%), a impotência (27%), a dor e a angústia (7%).

Entre as ações para aliviar o sofrimento, aparece em primeiro lugar a busca pelo psicólogo e pelo grupo de ajuda (34%), seguidos pela busca da religião (29%).

Entre os parentes entrevistados, a maioria eram mães (68%), seguidas das esposas (11%). Noventa e dois por cento dos dependentes eram homens entre 25 e 34 anos (43%), seguidos dos jovens entre 18 a 24 anos (31%).

Para 2012 e 2013, a equipe dará continuidade ao trabalho de pesquisa em nível nacional.

 http://www.amorexigente.org.br/conteudo.asp?sayfaID=11

Your alt text

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..