Quem quer escrever sua história?

23/06/2012 12:00 - Psicologia - Gerson Alves
Por Gérson Alves da Silva Jr.
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Um homem não pode viver só de livros e filmes. Um homem não pode viver só para contar a história e façanha que outros fizeram. Um homem precisa passar por frio, fome, sede e dores, para poder ele mesmo escrever uma história que se orgulhe. Um homem precisa escrever uma história que ele viveu para poder em sua velhice olhar para trás e sentir que fez tudo que podia ter feito para não ser amargo.

Há alguns anos atrás adaptei uma prática indígena, chamada ouricuri, para uma realidade que atingisse os jovens e pessoas que tivessem coragem de enfrentar desafios. Esta prática tem ajudado muitas pessoas a redirecionarem projetos de vida ou a se posicionarem diferente frente à necessidade de conquista dos seus objetivos e metas.

Porém, a proposta enfrenta inúmeros desafios. Estamos inseridos em uma realidade social em que as pessoas colocam o bem estar e o prazer como o ponto máximo de conquista. É natural escutarmos nas canções e nas vocalizações das pessoas a idéia de que o importante é ser feliz. Mesmo que seja uma felicidade fugaz e esvaziada. Para a maior parte dos jovens e dos modelos educativos atuais oferecer um estilo de vida sem esforço e com o máximo de diversão são os padrões a serem seguidos. Isso tem formado jovens cada vez menos perseverantes, que desistem fácil de seus ideais. Se o modelo atual associa todo e qualquer tipo de esforço como desgaste desnecessário e ridículo, podemos entender porque a juventude de hoje prefere os shoppings centers resfriados com ar condicionados, ficar deitados o dia inteiro na cama e sair apenas para ir a shows, festas ou gastar com roupas de marca e Mc Donalds.

Esse estilo de vida atual choca diretamente com a proposta de um projeto que coloca a felicidade como um processo de realização mais ampla a partir do alcance de metas e objetivos traçados previamente. Pois, agir em função de objetivos e metas pode parecer algo fácil, mas é extremamente complicado e difícil na prática, pois coloca o sujeito frente as suas próprias limitações, visto que, uma vez traçadas as metas e objetivos, o sujeito só encontra poucas alternativas: 1) ou as alcança e realiza, 2) ou emperra e percebe falhas em si mesmo que precisam ser ajustadas, 3) ou desistem. Mas, o problema está na segunda e terceira alternativa. Como o modelo imposto pela atualidade dita que o sujeito precisa ser um vitorioso a qualquer custo, as pessoas não são capazes de lidar com suas limitações e optam por desistir dos desafios antes mesmo de iniciá-los por medo de fracassarem. Esquecem com isso que são mais fracassados que os que tentaram, pois lhes faltou uma condição imprescindível para ser vencedor: a coragem de tentar. Quanto aos que tentam e emperram por alguma razão, mas continuam insistindo esses são vitoriosos também, pois a vitória da vida está em persistir nas empreitadas.

Com o apoio do Programa de Educação Tutorial do Núcleo de Estudos do Semi-Árido Alagoano (PET/NESAL) da Universidade Federal de Alagoas, um grupo de aproximadamente 35 estudantes, professores e pessoas da sociedade estarão saindo no dia 04 de julho de 2012 para construir uma história de orgulho para seus filhos e netos. Essas pessoas irão partir da Praia de Ponta Verde em Alagoas e irão caminhando pela areia da praia até a Foz do São Francisco na divisa com Sergipe. Serão cinco dias de caminhadas dormindo nas próprias praias e carregando todos os utensilios e provimentos que precisarão ao longo do desafio.

Os objetivos da empreitada são: 1) Trabalhar o desenvolvimento de repertórios comportamentais sociais. 2) Desenvolver o planejamento de ações com metas definidas. 3) Reforçar padrões comportamentais de persistência e perseverança. 4) Discriminar diferença entre processos reforçadores e fortalecedores.

O processo reproduzirá uma migração indígena e um grande desafio será fazer a maior parte das pessoas chegar até o ponto final. No total serão percorridos em torno de 150km pela areia das praias do Litoral Sul alagoano. Esse é um desafio reflexivo para quem deseja fazer uma ruptura com a modernidade e viver alguns dias sem celulares, sem Internet, sem tv e sem os confortos da hodiernidade.

O link abaixo é de um vídeo do youtube e deve ser clikado apenas por aqueles que ficaram na dúvida se vale à pena ou não participar: http://www.youtube.com/watch?v=0MTlohPLIL4

Assim nós vamos, assim contaremos quando voltarmos
 

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