É melhor descansar para estudar ou o contrário?

02/01/2012 02:00 - Psicologia - Gerson Alves
Por Gérson Alves da Silva Jr
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Atualmente existe uma série de concursos que apresentam propostas salariais acima de R$ 7.000,00, mas são concorridos e exigem uma tecnologia de estudo diferenciada. Nesta linha, com relativa freqüência vejo relatos de estudantes e concurseiros falando que chegam cansados das atividades, daí dormem e só depois, bem descansados, começam a estudar. Todavia, eles não sabem ao certo o que é melhor, nem como funciona o processo de registro do cérebro.

Os estudos em psicologia e neurociências apontam para três principais tipos de memória. O 1º tipo é uma memória muito rápida que não é significativa para os estudantes, mas que com a participação da atenção as informações passam para o 2º tipo, chamada memória de curto prazo ou operacional. A memória operacional é a memória do “decoreba”, pois os registros ali causam uma modificação enzimática nas células nervosas e acionam áreas mais centrais do cérebro, como áreas do hipocampo, sem que necessariamente haja modificação arquitetônica (estrutural) nos circuitos nervosos de áreas corticais. Portanto, não fixa a informação de modo permanente, mas apenas de forma temporária. Esse tipo de memória geralmente gera a impressão de que o sujeito aprendeu, mas na verdade ele apenas tem o registro temporário da informação.

 A memória que todo mundo busca e principalmente os concurseiros é o 3º tipo, a memória de longo prazo ou permanente. Esta memória ocorre nas áreas mais corticais do telencéfalo e funciona de modo mais duradouro porque os neurônios crescem seus dendritos e estabelecem sinapses com dendritos de outros neurônios formando novos circuitos nervosos. É justamente nesse ponto do crescimento dendrítico e formação de novos circuitos que entra o papel do sono e do descanso.

Nosso cérebro não armazena tudo que estudamos ou experimentamos. Quando estudamos qualquer assunto ou vivenciamos qualquer coisa nova, depois de decorrido uma hora, a maior parte dos conteúdos estudados se perde. Apenas as informações significativas são associadas e registradas, de tal maneira que depois de uma hora reconstruimos menos de 15% de tudo que vemos. As informações que perdemos ao longo de uma semana são em volume menor do que o que perdemos depois da primeira hora de estudos. Porém, quando dormimos logo em seguida ao término dos estudos essa perda de informações é muito reduzida. Isso acontece porque as informações são passadas para a memória permanente com maior facilidade, pois os dendritos crescem e formam novos circuitos principalmente quando repousamos.

Evidentemente muitos outros fatores entram no sucesso de um concurseiro ou vestibulando, tais como alimentação, técnicas de memória, organização do material, atividades físicas, cronograma de estudos, etc. Mas, quanto ao fato de ser melhor descansar para somente depois estudar, saiba que o ideal é estudar, ainda que moderadamente antes de descansar. O cérebro sempre organiza as informações antes do repouso com maior força.

Assim eu estudei, assim eu conto para vocês.

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