No ano novo iremos sorrir muito, mas o que os estudos científicos dizem sobre o sorriso. Quando trabalhadores estão diante de seus chefes ou gerentes eles apresentam mais sorrisos diante das falas e comandos dos superiores do que quando conversam com pessoas hierarquicamente inferiores a eles. Os chefes, porém só apresentam sorrisos quando querem ser corteses. Um chefe sorridente comumente é visto como um chefe sem firmeza ou de início de carreira.

Ser sorridente é diferente de ser brincalhão. Um chefe brincalhão geralmente extrai sorriso dos outros. De alguma forma então ele submete os outros. Pois no brincar existe uma espécie de disputa, o vencedor geralmente é aquele que faz o outro rir mais. Quando não queremos ser vencidos geralmente ficamos sérios como se anunciássemos que não vemos graça. Vejam como homens reagem diante de outro homem que tenta ser engraçadinho diante de sua mulher. Vejam como muitos alunos tentam anular a força do professor fazendo piadas para extrair risos do professor e da turma.

Pessoas que não querem se submeter ou não estão dispostas a parecerem frágeis dificilmente apresentam sorrisos. Lembremos das lutas de boxes e a forma que os lutadores se entreolham antes das lutas. Dificilmente vemos algum deles sorrindo e geralmente aquele que sorrir apresenta sinais reconhecidos como medo para o outro.

Dois grupos de músculos estão envolvidos no sorriso. Os zigomáticos maiores que puxam os lábios mostrando os dentes e os orbiculares ópticos que deixam os olhos pequenos apresentando rugas nos cantos (pés de galinha). É importante estarmos atentos a esses dois grupos musculares, pois os zigomáticos possuem um controle voluntário maior, enquanto os orbiculares geralmente apresentam contração involuntária. Isso significa dizer que devemos observar mais os olhos de uma pessoa quando ela sorrir do que os seus lábios, visto que, risos falsos geralmente movimentam apenas a boca e não os olhos.

Na relação de conquista entre um homem e uma mulher geralmente temos muitos risos envolvendo todo o processo, mas no jogo da sedução a regra quase sempre consiste na tentativa do homem fazer a mulher rir. Uma mulher sorrindo para um homem quase sempre gera o entendimento de abertura para um relacionamento. Mas, cuidado com o sorriso de boca serrada, pois geralmente indica uma posição secreta diferente da que está sendo manifestada publicamente.

As observações apresentadas aqui podem parecer resultado de uma psicologia barata e sem fundamentação científica. Mas, na verdade, elas estão muito bem amarradas em estudos etológicos e filogenéticos. Primatologistas que estudam chipanzés verificaram que o riso e o sorriso é apresentado sempre em situações de medo e de tentativa de demonstrar que ele não é uma ameaça ao outro. Por incrível que pareça as mesmas áreas cerebrais são acionadas nos humanos quando nós rimos.

Mesmo quando rimos porque alguém nos faz cócegas devemos ter claro que as cócegas ativam os mesmos sensores de dor e o cérebro interpreta as cócegas do mesmo modo, só que de forma mais atenuada, de tal sorte que nossa reação involuntária é afastarmos o estímulo que nos provoca as cócegas. Esse fato nos deixa claro a proximidade do riso com o medo, a dor e a submissão.

Porém, fecho essa proposição afirmando que embora o riso possa representar algo negativo da forma que ele foi apresentado aqui, existem também aspectos muito positivos no riso. Quando sorrimos e apresentamos certa submissão ao outro, também apresentamos concomitantemente outro ponto: eu não apresento ameaça para você porque tenho medo ou porque sou uma criança brincalhona. Desta forma, sorrindo também acabamos aumentando nossas chances de sermos aceitos, principalmente se não temos força ou habilidade para sermos aceitos por outras qualidades que não a submissão.

Assim eu estudei assim eu conto para vocês.