O que é o Natal?

25/12/2011 13:20 - Psicologia - Gerson Alves
Por Gérson Alves da Silva Jr.

O que é o Natal? Conforme a tradição cristã, representa a data do nascimento de Jesus Cristo, que é compreendido como um homem que veio trazer uma mensagem divina, mas se torna a própria mensagem e passa a ser reconhecido como pessoa divina. A palavra vem do latim (natis), antiga língua dos romanos, significa nascimento. Mas, nascimento de que ou de quem?

Na realidade Cristo (palavra grega que significa ungido) não nasceu em 25 de dezembro. Ninguém sabe ao certo quando Cristo nasceu. Mas, nesta data, que se fosse atualizada cairia hoje em 21 de dezembro, os romanos pagãos comemoravam o solstício de inverno. Que é a noite mais longa do ano com o dia mais curto (daí a necessidade de comemorar algo que representasse o sol nascente).

O Solstício é uma data importante como referência das colheitas e plantações. Na verdade, era uma festa agrícola chamada festa do Sol Nascente. Com o advento do cristianismo passou-se a não tolerar mais antigas festas ligadas aos cultos da natureza.

Durante a Idade Média alguns segmentos da Igreja costumavam fazer durante o Natal doações aos pobres, que eram muitos em plena era de domínio cristão. Depois com a expansão da Reforma Protestante a estratégia de dar presentes no Natal associada à figura de São Nicolau serviu como propaganda para impedir o avanço protestante.

A Reforma Protestante resgatou então, já em períodos posteriores, a associação do Natal com as festas pagãs ligando-a a duendes e outros seres mitológicos da natureza para em seguida dizer que todos esses seres eram demoníacos.

Mesmo aqueles que não estudaram as disciplinas de Comportamento do Consumidor e Antropologia, podem perceber como as festas e todas as formas de organização social estão ligadas à economia – economia representando os meios de subsistência de um povo.

Hoje, nosso Natal não representa mais uma festa da colheita, muito menos a festa do nascimento de um Homem-Deus humilde e que pede para vivermos como as aves do céu e os lírios dos campos. Conforme a regra, até a mensagem cristã teve que ser atualizada e reformada para sobreviver aos ditames da economia e estilo de vida romano e agora norte-americano.

Hoje a mensagem e em conseqüência o Natal segue os padrões de “nossa” economia. Como a Coca-cola é o leite do capitalismo, ela não poderia deixar de criar e alimentar os seus personagens. O Natal atual é o Natal do Papai Noel, figura que tem marca registrada pela Companhia Coca-cola, por isso sua roupa é vermelha. Pelo menos nisso a Unimed acertou enquanto estratégia de marketing quando fez seu Papai Noel vestindo roupas verdes.

Árvore de Natal, sinos, meias e presentes, principalmente muitos presentes que sustentam a base de nossa economia (o capitalismo), são os mais puros símbolos da expressão de nosso Natal. Engraçado, que até meados do século passado não se falava em Papai Noel em nosso país e não se montava árvores de Natal. Estes símbolos são criados não para atender as necessidades cristãs, mas para atender as necessidades econômicas de vender mais.

Você é o que compra e é mais querido quando lembra dos outros por meio de uma lembrança. Faça as pessoas e as crianças felizes dando um presente a elas. Esse é o Natal cristão que temos.

Uma das coisas úteis que pude aprender no cristianismo é que o Cristo histórico não é um regrado burro que se fundamentava apenas nos símbolos e nas normas. Mas, antes sim, ele procurava ir além. Ir além significava refletir o porquê da norma, qual a razão deste ou daquele ditame.

Para os judeus o sábado era considerado um dia de repouso sagrado não se podia fazer nada neste dia a não ser o louvor a Deus. Cristo semelhante a um ateu pagão percebe que este dia foi criado possivelmente por duas razões: 1) Para atender as necessidades econômicas da época garantindo a ida do povo às sinagogas para efetuar doações e pagamentos dos dízimos; 2) Para aliviar o povo dos trabalhos exagerados garantindo-lhes um dia de repouso, já que na época não havia direitos trabalhistas a necessidade de descanso precisava ser protegida por meio da religião.

Por exemplo, quando falam que Cristo curava e fazia outras atividades aos sábados ele ia além das regras e normas refletindo e provocando reflexão sobre o porquê das mesmas.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça; quem tem olhos para ver, veja. “Porque tendo olhos não verão e tendo ouvidos não escutarão”. Mesmo não sendo cristão gosto de ver esta data como a oportunidade de lembrar um grande homem que disse: “Eis que o Reino de Deus está no meio de vós e vós não o conheceis”.

Os cristãos deveriam refletir melhor este momento e entende-lo não como o nascimento de um grande homem, mas como o nascimento do seu próprio Deus que se fez carne, se colocando como modelo a ser seguido. Natal e o próprio cristianismo deveriam ser a reflexão profunda da vida possibilitando a libertação dos símbolos vazios, das lembranças que associam o homem as posses, das regras e normas sem sentido.

Como dizia Mahatma Gandhi: “O mundo não é melhor porque os cristão não são melhores”. Mas, esse mesmo personagem diz, assim como eu, que: “os cristão precisam conhecer cristo”. Assim, certamente seríamos mais tolerantes e nos preocuparíamos mais com o efeito das coisas ao invés de rituais vazios.

Assim eu observei, assim eu conto para vocês.

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..