A família é um ser vivo. Atualmente as configurações familiares estão muito distantes das configurações nucleares de papai-mamãe-filhos, cada vez mais se presencia multiplicidades de estruturas familiares, isto porque as relações pessoais estão cada vez mais diversificadas; são comuns casais que se separam e constituam outros núcleos que somam filhos, famílias depois da ausência de um dos progenitores ela segue com o comando de um dos deles, famílias que só agregam membros, ninguém sai, família de adotados; entre outros tantos exemplos.
Então família é um núcleo em constante transformação em sua estrutura em sua hierarquia e em seus códigos e regras. Antigamente dizia-se que “família é a célula mater da sociedade” e hoje em dia ouve-se muito que a família esta falida. Nós usamos termos que identifica família como um ser vivo, ora saudável ora doente, e em mudança.
Então se entende que a família funciona como um sistema em constante movimento e interação. O conceito de família pode ser definido levando-se em consideração as suas múltiplas funções reguladoras dos papéis familiares, contradições de comportamento, afetos, conflitos presentes no meio e que ao mesmo tempo, contribuem para que o sistema permaneça vivo. Digo isto para iniciar a minha fala em relação às Drogas.
Costumo dizer que as Drogas são democráticas, ela penetra em todos os ambientes, do centro à periferia, do rico ao pobre. A frase – nunca imaginei que isto fosse acontecer na minha casa, é sinal de que as coisas não andam bem na família e conseqüentemente na sociedade. O impacto que a família sofre com o uso de drogas por um de seus membros é correspondente as reações que vão ocorrendo com o sujeito que a utiliza. Num primeiro momento é preponderantemente o mecanismo de negação, em um segundo momento a família toda está preocupada com essa questão, tentando controlar o uso da droga bem como as suas conseqüências físicas, emocionais, no campo do trabalho e no convívio social.
Instala-se um segredo familiar, mantendo a ilusão de que as drogas ou álcool não estão causando problemas na família. Num estágio seguinte, a desorganização da família é enorme, é comum ocorrer inversões de papéis. Na fase seguinte é caracterizado pela exaustão emocional, podendo surgir graves distúrbios de comportamento em todos os membros. Todavia, os principais sentimentos da família que convivem com dependentes são: raiva, ressentimento, descrédito das promessas de parar, dor, impotência, medo do futuro, falência, desintegração, solidão diante do resto da sociedade, culpa e vergonha pelo estado em que se encontram, e por outro lado raramente o usuário assume que esta bebendo em demasia ou que faz uso de substancia. A “confirmação” da presença da droga no meio familiar pode acontecer por iniciativa de terceiros, por um ato falho por parte do usuário, que esquece a droga em lugar visível, ou numa situação extrema, de prisão, overdose, morte e acidentes.
Exaustivos estudos sobre a influencia do meio, e a passagem desta informação as outras gerações são objetos de analises. Dentro da perspectiva familiar nota-se que em inúmeras famílias tem-se o habito ou atitudes como “rituais familiares normais” ligadas ao consumo de álcool. Geralmente, é desta forma que os filhos crescem num contexto cultural onde a bebida torna-se parte de suas vidas. Em nosso país a associação de álcool á comemoração é comum. A mitologia familiar é muito provavelmente infestada de cenas relacionadas ao uso do álcool. Enfim, todo cuidado é pouco, se o uso de álcool em sua família é “normal”, temos que equacionar o uso dele com as mensagens que passamos aos nossos filhos. E em todos os momentos ou fase da Dependência, a palavra é PREVENÇÂO.