Territórios apartheizados. Um corpo sem cidadania, jogado na geografia do nada. Um corpo de pele preta tendo como identidade comum: a ausência das garantias constitucionais e sociais.
Mais um corpo jogado no lixo. O “inimigo” neutralizado no fogo cruzado da patológica indiferença humana.
Era “só” um cheira cola vocifera a sociedade do bem, na hora do almoço, indignada com o incômodo do corpo morto.
Mais um corpo: a pele preta do pobre torna-o invisível. É a chacina anunciada das multidões anônimas.
As favelas,no território apartheizado, de Palmares multiplicam-se como vilarejos doentes, expondo sociedades isoladas em quilombos contemporâneos, inaugurando uma nova ordem social: a violência como parenta de miúdas e conflituosas relações humanas.
A apatia estatal em relação ao bem estar comum enfatiza a violência como resíduos urdidos no quintal da inércia.
A ausência do estado produz na consciência do cidadão comum a legitimação da ideologia de que a limpeza sócio-étnica é necessária.
Extermínio dos párias sociais festejam outros.
Corpos intoxicados pela rejeição ao diferente, grupos populacionais que se completam em suas vulnerabilidades sociais.
São como poeiras na história.
Palmares, o território apartheizado registrou em 2009, a maior taxa de pobreza absoluta do território nacional.
47,7% !
Somos os mais pobres entre os pobres do Brasil.
A fome produz o arsenal da miséria que numa solução contínua paralisa a dignidade humana.
E a República dos Marechais fustigada pela conservadora raiz do sexismo, atrelada ao racismo, que não diz seu nome, exercita, cotidianamente, a infração sistemática de não observar a igualdade como direito fundamental para toda sua gente.
E, enquanto não houver o estabelecimento de ações políticas, o aniquilamento das minorias, como vitimas naturalizadas em corpos jogados no lixo, terá endereço fixo: os pobres, os de pele preta e os invisíveis periféricos habitantes da República dos Marechais.
Mais um corpo jogado no lixo!