O menino tem onze anos e a expressão mais profunda de confiança na humanidade.
Como todo adolescente é afoito e sempre comentava com a mãe que se um dia fosse vítima dessas cotidianas ondas de assaltos que assaltam a segurança do estado alagoano, não se deixaria dominar.
O termo vítima vem do latim victimia e victus que significa vencido, dominado
A mãe aconselhava e ficava aflita. O menino achava graça.
Ontem, quarta-feira, 07 de outubro, o menino foi dominado pelo medo. Um medo tão profundo que emparedou sua motivação de confiança.
Eram dois homens em uma carro - diz o menino- procurando informações sobre determinada rua e como respondeu que não sabia, o assalto foi anunciado.
Um menino de 11 anos foi assaltado às 17h30 da tarde, em um pacato bairro de Maceió.
Foi na rua detrás, um tranqüilo e seguro espaço das brincadeiras das crianças e adolescentes do conjunto residencial.
Dois homens chegaram e agrediram,emocionalmente, um menino de onze anos ao apontar-lhe a arma.
A cabeça do menino era o alvo preferencial.
Os dois homens chegaram em um carro e roubaram o celular do menino.
Depois mandaram-no correr e não olhar para trás e saíram riscando asfalto.
O menino correu. Chegou a casa com a fragilidade do medo apegada à narrativa trôpega.
Os dois homens não permitiram que o menino comprasse o pão recomendado pela mãe.
O menino não comprou o pão e descobriu o medo.
A mãe as idéias desarrumadas ouvindo o monólogo contundente, abraçou o filho e costurou outro medo na alma.
O menino de 11 anos desafiado pelo cano de um revólver apontado para sua cabeça, aprendeu o conceito de violência para além da linguagem simbólica.
O menino foi dormir com os efeitos colaterais da agressão: febre e a angustiante sensação de insegurança.
A mãe do menino?
A mãe do menino, agora, tem carga dobrada de medo.
E ela me pergunta, já antevendo uma resposta:
Já pensou se ele tivesse reagido? Já pensou?!