Um estudo realizado pela Universidade Johns Hopkins, dos EUA, mostrou que, ao contrário do que se acreditava, a cirurgia conhecida como ponte de safena, para revascularizar o músculo cardíaco, não afeta a função cerebral.
O novo estudo não encontrou nenhuma relação entre cirurgia cardíaca e perda de memória ou declínio mental. No entanto, a doença cardiovascular em si está associada à perda de memória.
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Segundo Ola Selnes, neuropsicóloga da Johns Hopkins, a boa notícia é que o problema cognitivo é tão sutil que a maioria das pessoas acha que é apenas um sintoma normal do envelhecimento.
A suspeita de que a cirurgia poderia ter impacto na função cerebral surgiu de um estudo feito por pesquisadores da Universidade Duke (EUA), há oito anos. Eles descobriram que mais de um terço de pacientes com doença coronariana continuavam a apresentar declínio cognitivo até cinco anos após a cirurgia.
No entanto, esse estudo não comparou os pacientes operados com outros, que não tinham se submetido à cirurgia, nem com pessoas saudáveis. Por isso, não ficou claro se o problema cognitivo estava relacionado ao procedimento cirúrgico, à própria doença do coração ou ao envelhecimento fisiológico.
No estudo mais recente, foram incluídas 69 pessoas saudáveis e 326 com doença do coração. Entre os participantes com a doença, cerca da metade foi submetida à cirurgia.
Por quatro anos, esses pacientes foram avaliados, e não houve diferença significativa nas funções mentais, como a memória, entre os operados e os demais participantes cardiopatas.
Para Selnes, o que pode afetar a memória é a presença da doença do coração, não a cirurgia.
Para averiguar essa hipótese, os pesquisadores realizaram um segundo estudo. Foi verificado que pacientes com vários fatores de risco cardiovascular, além da doença coronariana, apresentavam o maior risco de declínio mental.