Quando se fala em saúde, é comum pensar primeiro em alimentação, atividade física ou até no controle do estresse. Mas a saúde bucal, muitas vezes deixada em segundo plano, tem um papel fundamental nesse equilíbrio. A cirurgiã-dentista Thaísa Leite, diretora clínica do Instituto Karina Leite (IKL Brasil), chama atenção para esse elo entre a boca e o corpo, destacando que negligenciar a saúde bucal pode trazer consequências sérias e silenciosas.

“Muita gente só procura o dentista quando sente dor. Mas a verdade é que várias doenças se instalam de forma silenciosa na cavidade oral e, se não forem tratadas a tempo, podem se espalhar pelo corpo, causando desde inflamações cardíacas até problemas respiratórios”, explica a profissional.

O que começa na boca, não fica só na boca

As infecções bucais, como a gengivite e a periodontite, não afetam apenas os dentes ou a gengiva. Thaísa alerta que essas doenças funcionam como verdadeiros portais para bactérias entrarem na corrente sanguínea. “Em alguns casos, essas bactérias podem atingir órgãos vitais, como o coração, provocando endocardite, e até mesmo levar a complicações neurológicas, como meningite bacteriana”, afirma.

O alerta vale também para gestantes: inflamações na gengiva estão associadas a partos prematuros e baixo peso ao nascer. E não para por aí. “O HPV, por exemplo, pode entrar por microlesões na mucosa bucal e, com o tempo, evoluir para casos de câncer oral, principalmente se houver outros fatores associados, como tabagismo e baixa imunidade”, completa.

Outro grupo que deve redobrar a atenção com a saúde bucal é o dos atletas. Segundo a dentista, quadros infecciosos na boca comprometem o desempenho físico, afetam o sono e até interferem na absorção de nutrientes, o que pode ser um obstáculo para quem precisa de performance máxima.

Hábitos que fazem a diferença

Para evitar todos esses riscos, a recomendação é simples: cuidado diário e acompanhamento profissional. Escovação correta, uso do fio dental, higienização da língua e visitas regulares ao dentista são o básico para manter a saúde em dia.

Thaísa reforça que prevenção é sempre o melhor caminho. “Cuidar da boca é cuidar do corpo todo. Às vezes, o paciente chega ao consultório com sinais que indicam outras doenças, como diabetes ou até alterações hormonais. A boca fala muito sobre o nosso estado geral de saúde”, conclui.