O CM Cast, podcast dedicado à análise dos bastidores da política local e nacional, lançou nesta sexta-feira (28) um episódio em que os jornalistas Carlos Melo, diretor do Grupo CadaMinuto, e Ricardo Mota debatem o potencial eleitoral do governador Paulo Dantas (MDB) na corrida pela Prefeitura de Maceió em 2026.
Logo na abertura, Melo chama atenção para o movimento recente do governo estadual. Segundo ele, Paulo Dantas tem direcionado “praticamente todo o marketing” de sua gestão para a capital e a grande Maceió.
O governador anunciou investimentos de R$ 5 bilhões após o acordo com a Braskem, além de uma série de intervenções em diferentes pontos da cidade. A ofensiva reacendeu nos bastidores a discussão sobre a possibilidade de Dantas disputar a prefeitura.
Apesar da movimentação, Melo questiona o tamanho político do governador para enfrentar a eleição na capital. “Paulo quer ser prefeito de Maceió, mas a pergunta é: ele tem esse tamanho?”, provoca. Para o Mota, a resposta passa essencialmente pelo perfil político do governador.
“Paulo não tem um perfil populista, como já tiveram Cícero Almeida e até o próprio JHC. Também não se encaixa no estilo urbano de ex-prefeitos como Rui Palmeira ou Ronaldo Lessa. Ele é um político do sertão, de trajetória interiorana”, analisa.
Segundo Ricardo Mota, essa característica não é um demérito, mas evidencia uma desconexão com a dinâmica política de Maceió. Além do perfil, o jornalista destaca que obras e investimentos não garantem popularidade automática.
Mesmo assim, aliados do governador têm divulgado pesquisas internas que sugerem competitividade. “Pesquisas encomendadas não valem nada. Pesquisa, nesse período, é feita para agradar quem paga”, critica Mota.
Outro ponto central da análise é a dificuldade de Paulo Dantas em transferir votos na capital. Ricardo lembra que, nas últimas eleições municipais, o governador não conseguiu eleger nenhum aliado direto.
Gustavo Pessoa terminou apenas como o terceiro mais votado do PSB, enquanto Joãozinho, então vereador que fazia oposição ao prefeito JHC, não conseguiu se reeleger mesmo com apoio do governo. Charles Heber, secretário de Esportes, também não conseguiu se eleger. “Se Paulo não conseguiu eleger um vereador, vai conseguir ser prefeito? É difícil”, avalia.
Para ele, a estrutura de comunicação do governo não é suficiente para transformar Paulo em um candidato competitivo na capital. “O eleitor de Maceió é mais crítico, mais exigente e menos dependente do governo do que o eleitor do interior”, explica.
A análise inclui ainda o impacto da ligação política do governador com Renan Calheiros e Marcelo Victor, relação que Mota diz ser difícil de dissociar aos olhos do eleitor maceioense.
O jornalista menciona a “maldição dos Calheiros” para justificar a resistência histórica da capital ao grupo. Segundo ele, Paulo deve tentar se afastar dessa imagem e migrar para o PSD, mas a trajetória política permanece marcada por essa aliança.
O cenário eleitoral para 2026, segundo Melo, tende a ser competitivo, com nomes já consolidados como Alfredo Gaspar, David Davino e Rodrigo Cunha. O eleitor da capital, afirma, costuma buscar novidade, algo que dificultaria ainda mais a entrada do governador no páreo.
Os episódios do CM Cast vão ao ar às segundas e quintas-feiras, sempre a partir das 12h.










