O deputado estadual Lelo Maia, aquele cidadão de bem que deu uma carteirada para cima de agentes do Departamento Municipal de Transporte e Trânsito, faz acusações graves contra o órgão da Prefeitura de Maceió. Ressalto que as denúncias do parlamentar – ainda que verdadeiras – não apagam sua presepada no episódio em que impediu o trabalho de servidores públicos, com intimidação e ameaças.
Ao ser flagrado sob suspeita de transporte irregular de passageiros, Maia não se conformou com a atitude dos agentes que pretendiam recolher o veículo. Como escrevi em texto anterior, do meio da rua ele acionou o diretor do DMTT, André Costa, para se livrar da ocorrência. Também chegou a dar voz de prisão contra um dos agentes.
Três semanas depois do ocorrido, o senhor André Costa, homem de confiança do prefeito João Henrique Caldas, ainda não abriu o bico. Já o deputado não para de produzir zoada sobre o caso, atacando o que ele chama de “indústria da multa”, chefiada pelo departamento de trânsito. Já foi bater no Ministério Público.
No último dia 5, Maia se reuniu com o procurador-geral de Justiça, Lean Araújo, para, segundo entendi, formalizar uma denúncia. Além da aplicação de multas em escala industrial, o DMTT também toca uma “máfia do guincho” – tudo segundo o político do União Brasil. Se tudo verdade, o negócio é de fato muito sério.
Reportagem na Tribuna Independente sobre o encontro do deputado com o chefe do MP traz esta inusitada informação: “Segundo Maia, o procurador escutou os relatos e até reforçou que alguns funcionários do MP/AL teriam sido vítimas do que o parlamentar está chamando de indústria da multa. ‘O filho de um procurador estava em São Paulo e o carro dele foi multado em Maceió’, contou”.
É isso mesmo, doutor Lean Araújo? Bem, parece que estamos diante de uma história e tanto. Sei não... Também fiquei aqui pensando o seguinte: quantos alagoanos conseguem esse acesso fulminante ao MP, para denunciar abusos rotineiros que sofrem por parte da máquina pública oficial? Que essa presteza chegue para todos.
Mas há um exotismo ainda mais flagrante nisso tudo. Lelo Maia denuncia uma máfia e um esquema com multas num órgão público. Mas isenta o diretor do pagode e o chefe do diretor – ou seja, André Costa e JHC. Peraí! Costa, um experiente delegado da Polícia Federal, está sendo enganado por servidores malandros? E o prefeito é inocente?
Alto lá, senhores, porque essa história não fecha. Lelo Maia achou um mote de campanha eleitoral para 2026. Mas não há como levar sua causa adiante sem chegar ao topo do esquema – se esquema existir no DMTT e, por extensão, na prefeitura. Está claro isso? Aguardemos a hora em que André Costa e JHC dirão alguma sílaba sobre o caso.
(Na foto lá do alto, Maia e agentes do DMTT no dia da confusão).










