Sem nenhum disfarce, é a campanha eleitoral antecipada. Sambando em cima de 121 cadáveres, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, foi o anfitrião de um encontro cujo único objetivo é fazer politicagem (foto). Ao lado do matador fluminense estavam Ronaldo Caiado (GO), Romeu Zema (MG), Jorginho Mello (SC), Eduardo Riedel (MS) e Celina Leão (vice de Brasília). O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, participou por videoconferência. Um convescote para celebrar a matança carioca.
A celebração da chacina é o novo eixo de ataque ao governo federal. Tática eleitoreira para encarar Lula no próximo ano. Como escrevi no texto anterior, a jogada é escancarada. Aliás, mesmo que tentem negar o óbvio, não há como esconder as intenções diante de atos e palavras tão evidentes. Só falta Castro virar presidenciável.
O governador do Rio era vice de Wilson Witzel, cassado pela Assembleia após cometer o erro fatal de romper com a família Bolsonaro. Castro vem cumprindo as ordens da chamada familícia – e agora dá sua grande tacada para se fortalecer no cenário de 2026. Em projeto compatível com sua estatura, ele tenta cavar uma eleição ao Senado.
E os demais governadores na reunião? Bem, entre eles há ao menos três nomes brigando para ser o herdeiro de Bolsonaro. Por isso, Tarcísio, Caiado e Zema saíram correndo para surfar na picaretagem praieira do Rio. O que aparecer como palanque, eles estão dentro. A falsa preocupação com a segurança é a nova aposta desses elementos.
Sei que os xerifões e os cidadão de bem da política alagoana se mordem de ódio com esta abordagem. Querem vender a fachada de valentia e moralidade ilibada, mas não passam de pregadores do caos e do extermínio. Sentem o cheiro do sangue e vibram com o número de executados. Saudosistas dos chamados “esquadrões da morte”.
O que o governo do Rio de Janeiro acaba de fazer nada tem de novidade. É um erro consagrado nas práticas oficiais no campo da segurança pública. Além disso, está demonstrado por décadas, o assassinato em massa não reduz um grama o poder do crime organizado. A tropa na ponta é reposta de imediato, e segue o baile.
A figura bizarra de Cláudio Castro ganha projeção internacional a partir de tamanha barbárie. Há até a versão de que ele sonha em chamar atenção de Donald Trump, a grande “referência” da direita em escala planetária. À mesa com Caiado e outros cretinos, o governador se abraça às teses que projetam o futuro pela bala nas costas.
O ordenamento jurídico do país não prevê pena de morte. As polícias não estão autorizadas a invadir becos, vielas e morros para executar pessoas – sem processo e sem julgamento. Aliás, essa era a prática de autoridades hoje com mandato eletivo.
O que as polícias do Rio fizeram têm nome: execução sumária sem chance de defesa. É o padrão da banda podre que age sem controle, numa instituição que trata com desprezo a Corregedoria. Não por acaso, a Defensoria do Rio foi barrada no trabalho de perícia.
Na reunião, os fanfarrões do morticínio lançaram uma piada com o título de “Consórcio da Paz” – sem nenhuma proposta sobre coisa nenhuma. Durante todo o tempo de lorota, o que mais se ouviu foi o nome de Lula. A ultradireita quer mais, muito mais sangue.










