Desocupado na Assembleia Legislativa, o deputado Cabo Bebeto arrumou uma distração bem longe de seu local de “trabalho”: é fiscal de acampamentos do MST. Pelo que a imprensa noticia, dia desses, o fanático bolsonarista foi bater em Arapiraca com a missão de desligar o fornecimento de energia elétrica numa área ocupada por famílias sem-terra. Tudo planejado para lacrar nas redes e tungar os incautos.

O parlamentar em questão, como se sabe, é apenas um perturbado, com relevância zero na política brasileira. Mas é também um tipo perigoso – como tantos que saíram dos pântanos sobretudo a partir de 2018. É a turma da “nova política”, aquela gente que perambula nas casas legislativas com titica na cachola e uma pistola na cintura.

A estratégia da confusão se materializa em várias frentes. Vamos lembrar de 2020, o ano maldito da pandemia de Covid-19. Essa mesma turma, em diferentes partes do país, invadia hospitais e centros de saúde para “provar” que a doença era “uma farsa”. Enquanto milhares morriam, esses políticos seguiam as ordens de Bolsonaro.

Na grande rede, você encontra vídeos de vereadores, deputados e outros tipos vagabundos em ação criminosa ao longo da pandemia. Muitos eram candidatos à procura de votos no meio de cadáveres. Fizeram algo semelhante em escolas públicas – para denunciar professores “comunistas”. Alguns foram eleitos e estão aí.

A extrema direita precisa desesperadamente de um inimigo. Um inimigo fantasma, uma grande força do mal que ameaça nossas famílias. Desqualificados como Bebeto, Fábio Costa e Thiago Prado crescem na gritaria, no meio do pânico, na confusão generalizada. Eles estão cheios de “projetos” contra alguma coisa, contra qualquer coisa.

No país das chacinas a mando de milícias, deputados valentões querem prender famílias que reivindicam terra para trabalhar. Nunca se viu essas figuras preocupadas com pais e mães que tiveram filhos executados por “operações policiais”. Natural. Os caras são fanzocas de Bolsonaro, o presidente cuja família homenageou milicianos.

Os rebolados ideológicos de Cabo Bebeto para cima dos sem-terra devem ser vistos como são: é papagaiada atrás de uns votinhos que o ajudem a se reeleger no ano que vem. A tática da macheza soa apenas ridícula, mas que as autoridades estejam atentas. A politicalha joga na bagaceira. Sempre. Esse grupo do MST precisa de proteção. 

Criminalizar movimentos sociais é tradição secular no fim do mundo.