Jair Bolsonaro, o amigo do genocida governo de Israel. Luiz Inácio Lula da Silva, o parceiro do assassino regime na Venezuela. O alinhamento aos Estados Unidos. Aliança com a China. Cisjordânia. Gaza. Palestina. As relações com os Emirados, com a Ásia, com a Rússia. Otan, OEA, G-7. Euro. Latinos. Brics. G-20. Úrsula. Meloni. Macron. Imigrantes, voltem para casa. Trump é ameaça à democracia ou merece o Nobel da Paz?

Política internacional. Essas duas palavras resumem tudo o que vai no parágrafo anterior. A política exterior nunca esteve na cabeça do eleitorado brasileiro na hora do voto. Ao contrário dos Estados Unidos, o mundo lá fora nunca esteve entre nossas prioridades no momento de escolha de um candidato a presidente. As variáveis são outras.

São os temas universais, que aparecem em qualquer disputa eleitoral mundo afora. Segurança, saúde e economia em ordem estão entre as eternas preocupações. Comuns a diferentes países, essas complexas questões avançam e caem em retrocesso ao longo de governos que alternam variantes de um populismo transversal. Por aí.

Assim como o carro de quatro portas era rechaçado por todos os motoristas, demandas no estrangeiro não combinam com o temperamento da Identidade Nacional. Basta conferir nos debates realizados desde 1989, o ano em que o país se reencontra com o voto direto na eleição presidencial. Ninguém falava de relações internacionais.

O carro de quatro portas deu um cavalo de pau no que parecia uma cláusula pétrea – e isso mudou a paisagem e um hábito na vida de milhões de pessoas. Já o interesse pela realidade além das fronteiras parece distante de tamanha reviravolta. A indiferença já foi muito maior. E esse movimento bateu num teto ou ainda se amplia?

Não há dúvida quanto a mudanças que estão aí, no meio da praça, à luz do sol e da lua. A insanidade em torno de Trump, visto como salvador da pátria brasileira por patriotas seguidores de Bolsonaro, é prova de uma mudança em andamento. Passamos do desprezo à “globalização” ao engajamento alucinógeno a tudo.

Mesmo com toda a folia em torno de uma direita internacional, seguimos paroquianos com voracidade. Quando o eleitor começou a contemplar ideias transnacionais, dia desses, fomos apresentados ao paradigma Vai Pra Cuba. Desde então, tal pensamento não avistou nenhum requinte na construção de uma tese ou algo por aí.

Os tempos mudam em alguma medida. Está aí a propaganda do governo na TV falando em “Brasil soberano”. Depois do tarifaço e da chantagem explícita dos Estados Unidos, Lula tem um slogan e uma causa. Isso pode ter um efeito nas urnas, mas não será pelo interesse do brasileiro no cenário global. O filtro está na província, está em casa.