Lula e os evangélicos. Parece título de um antigo filme. A cada eleição, e não apenas a partir de 2018, o PT e setores da esquerda retomam o debate sobre a relação com o sagrado. Mais ou menos isso. Nesta quinta-feira, o presidente se encontrou com pastores de igrejas evangélicas e voltou a cobrar uma aproximação entre as partes. Nessas horas Estado laico é o conceito mais esculhambado na política e na ciência.
Da investida religiosa às guerrilhas eleitorais, depois da reunião com pastores, Lula falou num encontro nacional do PC do B. Na toada das últimas semanas, o petista mirou de novo o Poder Legislativo e disparou a esmo. “Esses dias eles [deputados federais] aprovaram uma PEC que protegia quadrilha. Que loucura é essa?”. Boa pergunta.
Pensando bem, olhando para qualquer lado, sobram acontecimentos que merecem a classificação Que Loucura é Essa. A ideia mais complexa nesse sentido é pedir uma intervenção dos Estados Unidos no Brasil. Primeiro, a Venezuela. Depois de “neutralizar” Nicolás Maduro, Donald Trump derrubaria a “ditadura” brasileira. Falta bem pouco.
É o que defendem abertamente não sei quantos alucinados pelas redes sociais. Desde que ataques americanos começaram a explodir embarcações venezuelanas, bolsonaristas não pensam em outra coisa – todos os dias eles rezam para que o próximo alvo sejamos nós. Isso é doideira completa, embora a cabeça oca não proteja traidores.
Aqui mesmo em Alagoas, delinquentes com mandato cerram fileira na tropa dos traíras em nome de Bolsonaro. É o que resta para a extrema direita que exalta a atuação de milícias e a prática de tortura como “método de investigação”. Por isso não há freio, e nem bom senso, no desembesto de loucuras fabricadas nos quatro cantos do país.
Insisto: o que Lula chamou de “loucura”, de fato, doidice parece ser, mas com isso não se deve afastar a tipificação de crimes dolosos. Tá claro isso? O malucão Eduardo Bolsonaro é o exemplo mais explícito desse teatro cujos protagonistas vivem entre o saudosismo do AI-5 e a farisaica devoção à Bíblia. A palavra do Senhor cospe fogo.
Em sua guerra patriótica pela paz e pela decência na política, a ultradireita parece que vai denunciar o verdadeiro assassino de Odete Roitman. É um comunista. O assunto já foi cercado por todos os lados na imprensa brasileira – o que, por si só, daria uma tese de doutorado em universidade da Alemanha. No Brasil, se não vale tudo, é insanidade.